‘O mundo não acaba se Portugal não passar’

Luís Figo falou ao SOL do seu percurso profissional no mundo do futebol – enquanto jogador e depois de ter ‘arrumado as botas’ – e também da selecção nacional. «Se Portugal não for apurado, a vida continua», vinca.

se a selecção nacional não passar da fase de grupos do euro2012, que responsabilidades devem ser apuradas?

não é uma coisa dramática. se portugal não for apurado, a vida continua. há que tirar ilações do que correu mal e tentar melhorar no futuro. mais nada. não é uma coisa transcendente. não vai acabar o mundo por não nos classificarmos.

não se deve fazer uma caça às bruxas?

longe disso! somos quatro equipas, passam duas, o mundo não acaba se portugal não passar.

como vê a fase actual do futebol português?

acho que tem sido positiva. nos últimos anos as equipas portuguesas têm feito boas carreiras internacionalmente e isso demonstra que se está a trabalhar bem. internamente, é lógico que não se pode comparar o campeonato português com o espanhol, também devido às condições financeiras das outras ligas.

nas últimas eleições na federação chegou a falar-se de si como candidato.

nunca falei sobre isso, o meu nome é que foi apontado como possível candidato. quando quero fazer alguma coisa ou tenho alguma decisão para tomar, as pessoas sabem pela minha própria boca. não comento rumores e suposições, senão tinha de estar o dia todo a fazê-lo. quando vejo que é o momento indicado para fazer alguma coisa, não tenho de dar satisfações a ninguém, graças a deus. não dependo disso para viver e por isso sou livre para tomar as minhas próprias decisões.

disse que não dependia do futebol para viver. quando terminou a sua carreira de 20 anos comentou numa entrevista que se preparou para não ser dependente do passado. não queria ser eternamente o ex-jogador?

era importante para mim. tento viver conforme os desejos e vontades que tenho. sempre quis ter outras opções para não ser o típico personagem que acaba o futebol e está dependente do futebol para viver. sempre tentei ter outras opções.

mas sempre atento ao futebol?

sempre. afinal de contas, o futebol sempre fez, e sempre fará, parte da minha vida. uma coisa é fazer parte da minha vida, outra é depender do futebol as 24 horas do dia, que é uma coisa que não acontece comigo. vejo o futebol como uma paixão e uma profissão, mas a vida é mais do que apenas futebol.

ainda assim, a verdade é que continua ligado ao futebol: assume as relações institucionais no inter e recentemente falou-se de poder treinar o clube italiano, bem como do desejo de josé mourinho o levar para o real madrid como director desportivo.

isso são boatos e rumores, não vêm da minha boca. há muitas notícias que são mandadas ao ar. algumas acertam, outras não…

alguma destas hipóteses é certa?

pode acontecer no futuro…

mas agradam-lhe?

não me agradam nem desagradam. não são coisas em que pense neste momento. se vierem a acontecer foi porque se proporcionou, porque o destino assim o traçou, mas não são coisas que esteja a programar ou a preparar-me mentalmente para que aconteçam.

 

raquel.carrilho@sol.pt