Cassano abriu caminho que Balotelli fechou (2-0)

Dois golos à frágil Irlanda deram aos italianos o acesso aos quartos de final

um olho na irlanda e o outro num jogo alheio. os italianos recolheram e voltaram a distribuir as suas cartas: abandonam os três centrais, mudam quatro jogadores mas continuam sem extremos. o objectivo era ganhar, e um golo de antonio antonio cassano, aos 34 minutos, começou por abrir o horizonte dos quartos de final à itália, um trilho que só foi confirmado no último minuto, com um outro golo de mario balotelli.

em campo à mesma hora, e com o mesmo objectivo. é assim que itália, espanha e croácia entraram no relvado, os três com a mente posta no objectivo de seguir para os quartos de final. o quarto interveniente neste dia é a irlanda, já sem hipótese de se apurar, mas com uma última oportunidade de defender a sua honra e erguer um obstáculo aos italianos.

além de ter que ultrapassar uns irlandeses frágeis tecnicamente, mas coesos e organizados por giovanni trapattoni, italiano de coração dividido, mas que montou a equipa para lutar pela «honra de um país», como assim o definiu.

cesare prandelli voltou a baralhar a squadra azzurra. o seleccionador italiano abdicou dos três centrais e cinco médios com que abordou os dois encontros anteriores, e recolheu a equipa a uma linha de quatro defesas. aí, colocou laterais de origem, abate e balzaretti, que ainda não tinham jogado, e atirou barzagli para o lado de chiellini.

de rossi subiu no terreno para junto dos médios, ou melhor, para a sua frente, já que andrea pirlo permaneceu ao lado de thiago motta e claudio marchisio à frente da defesa, onde pode pegar na bola mais cedo e com mais espaço para poder organizar o jogo italiano.

do lado irlandês, destaque para a outra faceta honrosa no gesto de robbie keane, habitual capitão de equipa que, hoje, cedeu a braçadeira a damien duff, que cumpre a sua 100.ª internacionalização. e foi ele a liderar uma selecção que faz da força e garra as armas para anular a artilharia italiana.

embora facilite nos espaços concedidos a meio campo, os irlandeses montados por trapattoni fecham depois bem os espaços mais próximos à sua área, onde a itália tem tido dificuldade em enquadrar os seus jogadores para rematarem. assim, os transalpinos iam rematando e tentando rematar, mas as bolas vindas dos seus pés batiam invariavelmente num irlandês.

aos 34 minutos, di natale quase fez o que, um minuto volvido, a cabeça de cassano deu: um golo de vantagem, ao cabecear para dentro da baliza uma bola vinda de um canto marcado por pirlo.

a habitual gestão

vindos do intervalo, a itália procurou o que fizera nos encontros anteriores: acalmar o jogo e segurar a vantagem. porém, diante de uma mais frágil irlanda, não esmoreceu tanto o seu ímpeto atacante como nos outros jogos, pois tal valeu-lhe dois empates, com a espanha e croácia.

por volta da hora de jogo, diamanti entrou para o lugar de cassano. o homem do bolonha manteve a rapidez da itália na frente de ataque, mas procura sempre afastar-se mais da área irlandesa, dando mais capacidade à equipa de construir jogadas mais junto a uma das linhas, para onde se ia movimentando. 

assim, a equipa não ficava tão dependente só das subidas ora de abate, na direita, ou balzaretti, na esquerda, os defesas laterais da equipa.

mas a irlanda, e trapattoni, mais do que ninguém, já saberia do eventual ‘relaxamento’ da itália caso esta se colocasse em vantagem, e assim começou a pressionar e tentar roubar a bola dos transalpinos em zonas mais avançados do campo, para depois arriscar mais no ataque. principalmente pelo ar, onde os irlandeses eram mais fortes.

aos 78 minutos, um remate de andrews, na sequência de um livre à entrada da área, só parou nas luvas de buffon. por essa altura, a itália já juntara mais o seu meio à defesa, dando espaço aos irlandeses para bombardearem cruzamentos para a área. e a itália só se limitava a defender.

até que um canto lhe deu a oportunidade de lançar um cruzamento para a área, ao qual mario balotelli correspondeu com um remate acrobático, que se tornou no segundo golo italiano. a fúria do problemático avançado foi domada pelos companheiros. o importante, a qualificação, já estava a assegurar, e de nada valia enviar mensagens do seu desagrado para o banco de suplentes, de onde saíra minutos antes.

a vitória garantiu o segundo lugar do grupo aos italianos, que assim ficam no horizonte de portugal. a squadra azzura defrontará nos quartos de final o primeiro classificado do grupo d – entre a inglaterra, frança ou ucrânia -, e será o vencedor dessa eliminatória que encontrará a selecção portuguesa, caso a equipa de paulo bento ultrapasse a república checa nos ‘quartos’.

onzes iniciais

itália: buffon; abate, barzagli, chiellini e balzaretti; marchisio, motta e de rossi; pirlo; cassano e di natale.   

irlanda: given; o’shea, dunne, ledger e ward; mcgeady, andrews, whelan e duff; doyle e keane.   

(artigo actualizado às 21h46.)   

sol