estas primeiras três batalhas travaram-se sempre com o mesmo
esquadrão. o seleccionador paulo bento manteve sempre o seu onze inicial para
os encontros da fase de grupos, e manteve-se igualmente firme quando teve que
dar meia volta e olhar para quem estava sentado no banco atrás de si.
a lenha para tentar reacender a chama da equipa veio sempre
dos pés dos mesmos: nelson oliveira e silvestre varela. o primeiro ultrapassou
hugo almeida e é já a opção de recurso quando as pernas de hélder postiga
esgotam a sua locomoção, normalmente por volta da hora de jogo. varela trouxe
no segundo jogo a salvação que deixara fugir na partida com a alemanha, e marcou
o golo da vitória sobre os dinamarqueses.
a vitória de domingo frente a um conjunto de holandeses em
campo – não justificaram o nome de equipa -, conjugada com o triunfo germânico
sobre os nórdicos, que tanto ajudou às nossas contas, atirou portugal para os
quartos de final do europeu, onde há quatro anos já havia estado. pela frente
estará a república checa, que em 2008 caiu no grupo de onde a selecção avançou,
mas cujo nome traz a reminiscência de uma eliminação, em 1996, precisamente nos
‘quartos’ de um europeu.
aí, um ainda cabeludo e desconhecido karel poborsky levantou
a bola bem alto para a fazer passar por cima de vítor baía, e selou a saída de
prova uma geração de jogadores – figo, rui costa, sá pinto, joão pinto, paulo
sousa, fernando couto, etc. -, que nas duas edições seguintes, em 2000 e 2004,
levaria portugal às meias-finais e à final da prova, respectivamente.
falando em teoria, como se faz sempre, a selecção tem pela
frente uma equipa que, tal como a caminhada portuguesa, lutou até ao fim para
conseguir o seu apuramento. só no derradeiro encontro é que os checos
garantiram a passagem aos ‘quartos’, graças a uma vitória sobre uns inglórios
anfitriões polacos, coadjuvada pelo triunfo grego sobre a rússia, favoritos no
grupo mas que voltam mais cedo para casa.
aqui, a escrever antes de tempo sobre um duelo, antecipam-se
boas hipóteses para portugal seguir em frente para as meias-finais. se
conseguir, aí, a tarefa complicar-se-á, e a odisseia poderá chegar às páginas
que contarão as peripécias que sobressaem na história.
caso os checos fiquem pelo caminho, a selecção defrontará o
vencedor da partida entre o líder do grupo d e o segundo classificado do grupo
c, uma encruzilhada que pode levar portugal a chocar de novo com candidatos à
conquista da prova.
no grupo c, que se joga esta segunda-feira, frança e
inglaterra, ambas com quatro pontos, vão lutar pela liderança do grupo, numa
luta onde ainda se vai tentar intrometer a ucrânia, que levará os três pontos
que ostenta para a batalha frente aos ingleses, no derradeiro encontro.
no grupo d, o primeiro lugar parece estar reservado para a
espanha, que poderá precisar apenas de um empate diante da croácia para
assegurar a liderança. assim, no segundo posto ficarão os balcânicos ou a
itália, que terá que vencer a irlanda e esperar que os espanhóis façam o que
todos esperam e triunfem sobre os croatas.
só na noite de terça-feira é que a selecção poderá delinear
o percurso que encara no horizonte. antes há que vencer a república checa, ou a
odisseia acabará antes de umas expectativas que a própria equipa de paulo bento
fez questão de renovar, em campo, ao sair viva de um grupo onde lhe auguravam a
morte.