Os 11 que até agora melhor jogaram e mais deram nas vistas

Entre os escolhidos, só um não estará nos quartos de final do Europeu

competitivo, bem disputado e com golos em todos os jogos. o europeu não tem dado motivos de aborrecimento para os milhões de olhos que o têm visto, e muito por culpa dos jogadores que o tem escrito a sua história no relvado. como é natural, uns tem-se destacado mais que outros. na fase de grupos, foram estes onze que mais impressionaram o sol.

iker casillas: a
espanha continua a vencer, seguir em frente e a ter mais bolas que todos os
outros adversários. e se continua ainda e também sem perder, isso deve-se
sobretudo ao seu capitão e guarda-redes. a la
roja chega aos quartos de final sem derrotas, mas sem a mesma segurança nos
pés dos 10 homens que correm pelo campo.

a segurança está sim na baliza. casillas começou por impedir
que os espanhóis sofressem mais golos no encontro inaugural, frente à itália, e
segurou o nulo com os croatas até que finalmente a equipa conseguiu marcar o
golo da vitória. neste europeu, já quase que dobrou o número de defesa que
fizera durante toda a fase de qualificação – apenas cinco.

mathieu débuchy:
a lesão de bacary sagnal impediu o defesa direito do arsenal de viajar com a
selecção francesa para a ucrânia. mas os adeptos gauleses, e o seleccionador
laurent blanc, pouco terão lamentado esta ausência, que abriu caminho para débuchy
agarrar o lugar. o lateral do lille defende tanto quanto ataca, e a sua rapidez
de movimentos permitiu-lhe aguentar sozinho um flanco onde, à sua frente, a
frança nunca deverá ter um homem que o ajude a defender.

até agora, tem aguentado tudo sozinho, e os golos que os les bleus sofreram em jogadas de bola
corrida nunca vieram do seu lado.

pepe: o melhor
até agora da defesa portuguesa. com a bola no chão, ainda não foi ultrapassado
por qualquer adversário, e tem sido a sua voz a comandar a linha de quatro na
qual paulo bento tem apostado. no ar, porém, já falhou por duas vezes, e contra
si tem o facto desses dois erros terem ambos resultado em golos – contra a
alemanha e dinamarca.

mas este par de desatenções não apaga a ajuda que pepe tem
dado à estabilidade da selecção nacional. com as marcações homem-a-homem a
cargo de bruno alves, o defesa do real madrid tem sido muito eficaz a fazer o
que melhor faz: a compensar as falhas dos defesas laterais quando estes são
ultrapassados pelo seu adversário directo, ou quando caem bolas nas suas
costas, e a roubar bolas, em antecipação, aos atacantes com que se depara.

giorgio chiellini: quer como central numa defesa de três, ou a fazer dupla com outro colega no eixo, o italiano tem sido a principal torre do muro que os transalpinos erguem na sua defesa, e que só tem sido furado quando a equipa relaxa – como tem feito -, quando se coloca em vantagem no marcador.

o central da juventus poderá falhar os ‘quartos’ frente à inglaterra, por lesão, e fará muita falta à squadra azzura, cujos outros dois defesas centrais na sucessão directa a chiellini actuam igualmente no clube que este ano se sagrou se sagrou campeão italiano.

ashley cole: com
um seleccionador que apenas chegou um mês antes do europeu, os ingleses
chegaram à prova resignados com a estratégia possível – deixar a bola para o
adversário e manterem-se coesos e organizados a defender. nesta preferência
cautelosa, ao invés de um eventual risco no ataque, cole revelado o maior
acerto. certo a atacar, certo a defender, e sempre certo a dar a bolas aos
companheiros.

aos 31 anos, já não tem a resistência nas pernas e pulmões
de outros tempos. isso deu-lhe a cabeça que tantas vezes lhe faltou fora dos
relvados, e não será pelo seu lado que a itália encontrará mais espaços para
explorar no ataque, quando defrontarem a inglaterra nos ‘quartos’.

scott parker: no
chão, a gatinhar à frente de yarmolenko, colocando-se à frente da bola que o
ucraniano tentava desviar do inglês, já dentro da área. este exemplo, retirado
do jogo dos ingleses contra os anfitriões, é apenas um que demonstra o que hoje
faz o jogo do médio do tottenham – garra, insistência, nunca desistir e uma
combatividade que não acaba.

no meio campo, apenas ladeado por steven gerrard, parker tem
sido o homem que mais ajuda e compensa os seus colegas a defender. as suas entradas
rasteiras para roubar bolas aos adversários resultam mais do que falham, e com
a bola nos pés, escolhe quase sempre a opção mais fácil e segura para a passar
para os colegas. uma faceta fulcral, na selecção que, neste europeu, menos
tempo passou com a bola em seu poder.

luka modric: os
croatas não estarão na fase de grupos. despediram-se diante da espanha, mas não
sem antes darem vários sustos aos espanhóis, frente aos quais nunca se
encolheram, e foram buscar à sua combatividade a força para impedir que os
campeões do mundo chegassem à sua baliza com a posse de bola que tanto tiveram.

a orquestrar essa combatividade esteve sempre modric, um dos
médios que mais técnica e talento tem nos pés, de onde saem passes guiados por
uma cabeça que merecia um destino diferente neste europeu. e merece também
pensar o jogo de outra equipa que não o tottenham, de inglaterra, que esta
época não estará na liga dos campeões.

andrés iniesta: aqui,
são estes os pés e a cabeça que regem o jogo espanhol. a certa discrição até
agora de xavi no europeu fez sobressair ainda mais a importância de iniesta na
estratégia de jogo espanhola. é quem mais acelera o jogo da equipa quando tem a
bola nos pés, e a sua capacidade para fugir aos adversário e evitar que lhe roubem
a bola é notável, principalmente quando rodeado de pernas oponentes.

só iniesta parece ter liberdade para contrariar o jogo
espanhol de constantes passes curtos e poucos toques na bola, que neste europeu
parece não estar a fluir como há quatro e dois anos, quando a equipa venceu, em
respectivo, o europeu, na áustria e suíça, e o mundial da áfrica do sul.

petr jiracek: a
república checa está nos quartos de final, onde defrontará portugal, mas
começou por ser goleada pela rússia no seu encontro inaugural na prova.
entretanto, marcou quatro golos que lhe renderam um par de vitórias, e dois
deles saíram dos pés deste homem. tanto pode jogar no centro do meio campo como
encostado a um lado do campo, onde agora tem vindo a jogar. e só esta
disponibilidade, num médio centro de origem, já é de louvar.

o resto, jiracek faz de um poder para lutar que tanto aplica
a atacar como a defender. o jogador do wolfsburgo é o checo que melhor
transporta a bola no pé, quando a equipa quer sair rápido para o ataque, e ao
seu carácter lutador e combativa alia uma técnica nos pés que se destaca entre
a sua selecção – a par do capitão, tomas rosicky. é o jogador que portugal terá
que anular.

cristiano ronaldo: não
se destacou contra a alemanha e dinamarca, e contra os nórdicos até falhou no
que tantas vezes costuma ser bem sucedido: a concretizar oportunidades para
marcar golos. porém, contra os holandeses, ‘acordou’ e mostrou o porquê de ser
tão influente na selecção nacional.

um papel que assim resumiu: fez dois golos; é na sua
companhia que a bola mais rápido chega à baliza adversária, em ataques rápidos;
dá um poder de remate único à equipa, praticamente a partir de qualquer zona a
menos de 30 metros da área adversária; e concentra muitas vezes as marcações de
vários defesas oponentes em si, abrindo espaços para outros explorarem.

mario gomez: a
par de mandzukic, da croácia, é o avançado que mais golos marca neste europeu.
golos que permitiram à alemanha vencer todos os jogos que disputou e arrancar
três pontos de exibições onde mostrou sempre não ser tão estável e ‘mecanizada’
como em anos anteriores.

 os dois golos que
marcou à holanda mostraram a frieza nos pés de um matador: só precisou de um
par de toques para, em ambas as ocasiões, enviar a bola para o fundo das redes.
contra portugal, bastou um cabeceamento nos ares. após ter ficado em branco no
europeu de 2008 e no mundial em 2010, o avançado está finalmente a transportar
o seu prolífero registo no bayern munique para o bem da selecção germânica. no
que já deu no mal para portugal.

diogo.pombo@sol.pt