há que lembrar que aqui se escreve com base no que se viu
pela televisão. as repetições permitem, uma e outra vez, rever a jogada e
concluir que, de facto, a bola ultrapassou por completo a linha da baliza. ao
vivo é por certo diferente.
o que se passou, porém, foi mais um erro de arbitragem, e
logo vindo da solução que platini tão bem tinha apregoado na terça-feira. «com
cinco árbitros, eles vêem tudo, não tomam decisões sem terem a total certeza»,
sublinhou. ontem, no encontro entre ingleses e ucranianos, existiu logo um
duplo erro na jogada em causa.
além do árbitro de baliza não ter visto a bola a ultrapassar
a linha, segundos antes, um outro árbitro também não viu o fora-de-jogo de
artem milevski, dos pés de quem viria o passe para marko devic, o homem que
rematou contra o guarda-redes joe hart a bola que não acabou em golo. john
terry impediu-a de tocar nas redes da baliza, mas esta já tinha ultrapassado,
por completa, a linha de baliza.
deste par de erros, o mais falado tem sido o último. a
polémica, neste caso, sobrepôs-se à simples crítica, pois traz consigo o
reacender da discussão em torno da introdução de tecnologia no futebol. e para
isto também contribuiu principal cara da fifa, a organização que rege o futebol
mundial.
sepp blatter, presidente do organismo, escreveu na sua conta
do twitter que «depois de ontem à noite, a tecnologia da linha de baliza já não
é uma alternativa, mas sim uma necessidade».
as palavras do suíço surgem semanas antes de se reunir, a 2 de
julho, com os responsáveis do painel internacional do futebol (ifab), órgão a
quem compete aprovar a implementação deste sistema no futebol, como lembrou o
daily telegraph. aí, nem a crónica oposição de platini à tecnologia poderá
inviabilizar uma decisão pela qual muitos, e há muito, anseiam.
«a tecnologia da linha de baliza não é um problema. o
problema é a chegada da tecnologia, porque, depois, vai ser necessária para
decidir tudo, como mãos na bola ou foras-de-jogo. será assim para sempre»,
explicou assim platini a sua aversão.
por outro lado, exemplos que servem para contrariar a sua
posição não têm faltado. e a inglaterra teima em ser protagonista. já em 2010,
no mundial, os ingleses não marcaram um golo contra a alemanha, nos quartos de
final, porque o árbitro da partida não viu que a bola tinha entrado na baliza,
após embater na barra vinda de um remate de frank lampard.
ontem, foi o defesa inglês john terry a tirar uma outra
bola, esta porém já estava dentro da sua baliza. e uma vez mais, agora com um
árbitro bem mais perto, não foi validado qualquer golo.
um dia após a final deste europeu – a 1 de julho -, a
polémica poderá finalmente ser acabada, ou amenizada, caso seja aprovada a
introdução da tecnologia da linha de baliza no futebol. a discussão, ao menos,
será resfriada. ou mudará de rumo.