de um lado vai estar a grécia. agora falando de futebol, os
helénicos chegam aos quartos de final após evitarem vários buracos no seu
caminho pela fase de grupos.
os gregos inauguraram o europeu com a polónia, e conseguiram
evitar uma derrota que durante muito tempo pareciam merecer. desse encontro
arrancaram um empate, mas depois, com a república checa, seriam mesmo
derrotados. o dia de decisões foi com a rússia, contra quem um golo de giorgios
karagounis conseguiu dar a vitória e o apuramento à equipa.
a fórmula para este sucesso futebolístico tem sido o que tanto
tem faltado à vida do país, nas ruas e na governação: rigor, organização e o
cumprir de um compromisso.
este compromisso foi ditado e imposto por fernando santos, o
português que comanda esta a selecção grega. um compromisso que passou pela
consciência de que, com o lote de jogadores que trouxe para o europeu, frente a
poucas equipas a grécia poderia discutir o jogo ao ataque, a lutar pela posse
de bola e pelo seu controlo. e foi a partir desta consciência, que foi
construída a organização.
os helénicos têm uma equipa montada para fechar os espaços
rumo à sua baliza. a entreajuda dos jogadores é evidente, todos cumprem as
suas funções para manter a equipa coesa – até samaras, um avançado adaptado à
esquerda, tem vindo a melhor nas suas funções e trabalho defensivo.
a prioridade é impedir que o adversário chegue à baliza
grega, e só depois aproveitar eventuais hipóteses de contra-atacar, ou aproveitar
erros do inimigo. foi assim que surgiu o golo contra os russos, quando estes
falharam num lançamento de linha lateral.
assim, todos cumprem e esforçam-se para a coesão da equipa.
fora do futebol, na grécia, a crise financeira em que o país se encontra mergulhado resultou, entre muitos outros aspectos, das fugas aos impostos da
população e de gerações que gastaram sempre mais dinheiro do que realmente
tinham. nos relvados, ninguém tenta fazer (nem reclamar) algo que,
simplesmente, a equipa não consegue: dominar e controlar um jogo.
do outro lado estará a mannschaaft,
a selecção alemã que a história tem o hábito de colocar como favorita a conquistas. o
euro, no futebol, já lhe pertenceu por três vezes – 1972, 1980 e 1996 -, e teve
outras tantas vezes no último encontro para o decidir. quanto ao outro euro, o
monetário, aí, a alemanha é quem costuma ditar as regras, pelo punho da sua
líder, angela merkel.
e a chanceller até vai estar hoje nas bancadas do estádio em gdansk, na polónia, a assistir a
outro líder a comandar, no relvado, uma equipa cujo poder atacante vai testar a
organização helénica que terá pela frente. e, se merkel tem de tudo feito para
manter a grécia no euro e na ‘sua’ moeda, no relvado, joachim low tudo tentará
para tirar os helénicos do europeu, e seguir para as meias-finais da prova.
o seleccionador vai contar com a frieza de mario gomez no
último remate que habitualmente lhe compete, no pontapé visa enviar bolas para a baliza adversária. bolas que lhe têm chegado dos pés de mezut
özil ou bastian schweinsteiger, médios germânicos que garantem qualidade de
passe à equipa, e a põem a mover à procura de espaços rumo à baliza.
aqui, os alemães terão que ter a paciência que, também merkel, tem
tido com os gregos. no final destes 90 minutos, veremos qual das organizações
será suficiente para ficar neste euro.