A lição dos ‘quartos’: não estacionar o autocarro à frente da baliza

Com as quatro equipas que chegam às meias-finais do Euro 2012 a verem a hora da verdade aproximar-se, a lição dos derrotados na fase anterior vai sendo lembrada: é favor não estacionarem o autocarro à frente da baliza.

a popularização da frase no mundo futebolístico até é da responsabilidade de um português: foi josé mourinho, nos seus tempos no chelsea, quem a ela recorria para designar a opção das equipas jogarem com 10 ou até com todos os jogadores atrás da linha de bola. uma táctica caricaturada pelos jogadores a saírem do autocarro junto ao estádio e a perfilarem-se, de seguida, sobre a linha de golo.

a associated press, que se debruça sobre o assunto em dia de portugal-espanha, recorda que essa opção não funciona ou que, pelo menos, não tem funcionado neste euro 2012.

«este tipo de jogos, neste tipo de competição, é sempre muito tenso. e é preciso saber como os vencer», dizia vicente del bosque depois do jogo dos quartos-de-final. espanha, portugal, alemanha e itália conseguiram superiorizar-se tecnicamente a franceses, checos, gregos e ingleses, cujos ‘autocarros’ foram ineficazes.

é verdade que o itália-inglaterra foi às grandes penalidades, mas basta olhar para a estatística para perceber que o equilíbrio tirou o dia de folga: duas horas de jogo e os britânicos só tiveram a bola durante 36% desse tempo.

por outro lado, o jogo dos checos ainda está na memória dos adeptos portugueses. para os mais esquecidos, uma nota: nem um remate à baliza de rui patrício.

a grécia só se atreveu depois de ter sofrido, mas o domínio alemão só não foi mais expressivo no marcador devido à grande penalidade; 4-2 foi o resultado final. o esforço de samaras foi isolado, ineficiente e inglório.

a ligeira excepção dos ‘quartos’ foi o frança-espanha. não que os gauleses não tenham sido dominados na maior parte do tempo, mas mais por imposição espanhola do que por estratégia declarada. o modo como esta partida se resolveu resume os acontecimentos que em regra sucedem quando o autocarro fica estacionado na defesa da equipa mais fraca. espanha circulou pacientemente a bola, procurou deslocar os adversários e, num ‘passe de morte’ a aproveitar uma abertura, deu ordem de mudança ao marcador.

outras vezes é a qualidade de remate de longe de alguns atletas a fazer estragos. noutras ainda, uma distracção de fracções de segundos. foi isso que permitiu a ronaldo cabecear triunfantemente na grande área dos checos.

agora, muitos vaticinam que portugueses e italianos se resguardarão e que, expectável e compreensivelmente, levem os seus próprios ‘autocarros’ para o terreno de jogo. mas perante favoritos das casas de apostas e preferidos do presidente da uefa, a grande questão está no local onde o ‘bus’ ficará estacionado. é que, se assim acontecer, será a partir dessa faixa que portugal e itália sairão para o contra-ataque. falta saber o quão melhores do que ingleses e franceses serão portugal e itália a executar esse movimento.

ap/sol