«a ideia era fazer um livro com filmes que servissem como inspiração emocional. pensei: ‘porque não ser alguém que tem o toque de midas da auto-ajuda através dos filmes?’», explicou o autor – não negando a vontade de desmistificar «a seriedade dos livros de auto-ajuda» –, mas acrescentando que «o cinema pode ajudar as pessoas».
algumas, pelo menos. é que rui pedro tendinha, 42 anos, jornalista de cinema, diz que, no seu caso, foi o oposto: «o cinema deu cabo da minha vida». é o que acontece quando, desde criança, se vê nos filmes um prazer maior do que a vida. «vivo encafuado numa sala de cinema, preso ao vício de ver filmes. em criança passava mais tempo com os vhs do que com uma bola de futebol». pelo meio, diz, o cinema ainda foi «responsável por um divórcio. traumas do kramer contra kramer», remata.
neste livro, porém, não há traumas, mas antes lições positivas, transmitidas através de uma lista de 100 filmes, divididos por 20 categorias, como ‘filmes para ser melhor amante’, ‘reflectir sobre o além’, ‘adquirir consciência política’, ‘deixar de ser homofóbico’ ou ‘voltar a acreditar no amor’. a categoria em que encontrou mais dificuldades foi ‘perceber como se faz dinheiro’, porque «foi difícil encontrar filmes com credibilidade».
o critério foi simples: escolher filmes de hollywood – porque «hollywood adora dar lições de vida aos outros» –, filmados entre as décadas de 1970 e a actualidade. ficaram muitas obras (e categorias) de fora e por isso tendinha já ‘ameaça’ com uma sequela. o que não foi critério foi o gosto pessoal, no sentindo em que estes não são os filmes da vida do jornalista. «gosto muito de filmes de choque e transgressão, como o_crash, do cronenberg, mas esses não ajudam ninguém». no entanto, rui pedro tendinha reforça a ideia de que um filme pode realmente marcar para sempre: «sobretudo na adolescência há filmes que ficam. quando penso em momentos de glória lembro-me sempre da primeira candidatura do sampaio à presidência da república e da música vitoriosa de vangelis. acredito que o cinema mudou a vida ao sampaio!».