o dermatologista explica ao sol que há dias em que se verificam temperaturas baixas, mas índices ultravioletas elevados e que são estes a definir o perigo da exposição solar. «o índice uv é o marcador de risco mais elevado para as queimaduras solares e para as fotoalergias», alerta.
o mesmo não acontece com a temperatura, que nem sempre se relaciona directamente com os escaldões. e osvaldo correia dá um exemplo: «nesta semana, houve pelo menos um dia em que o porto registou uma temperatura menor do que lisboa, mas um índice uv mais elevado».
para o médico, «as pessoas devem habituar-se a procurar este tipo de informação». e é por isso que o site do instituto de meteorologia (im) fornece dados sobre a radiação uv e não só sobre o estado do tempo.
o meteorologista luís filipe nunes, do im, explica que a radiação ultravioleta é classificada em três bandas uva, uvb e uvc. a primeira «é quase toda transmitida», ao contrário da c que é «quase totalmente absorvida pelo ozono». no caso dos raios uvb, «a absorção é apenas parcial». e é esta a que estão mais ligadas as queimaduras solares.
a intensidade da radiação mede-se de 1 a 11, que corresponde ao nível mais perigoso para a exposição solar e a uma situação em que nem sequer se deveria estar ao sol.
horas vermelhas a partir das 11h
«compreendo que as pessoas têm vontade física e psicológica de se exporem, mas não deveriam sujeitar a pele a este choque térmico», defende o dermatologista osvaldo correia, lembrando que o tempo só agora está a permitir as idas à praia e que, por esta razão, «não houve a sempre necessária exposição gradual ao sol».
o ideal é a pele habituar-se – «lenta e gradualmente» – aos primeiros raios, e sempre com protecção. nas «horas vermelhas», entre as 12h e as 16h, não deve sequer haver exposição solar. e, segundo osvaldo correia, este período pode ser mais alargado: «deve ajustar-se ao índice uv. quando é muito elevado – de 8, 9 ou 10, numa escala de 1 a 11 –, as horas vermelhas situam-se entre as 11h e as 17h».
aliás, é nesta época (desde o solstício de verão, a 21 de junho) que o índice está no seu máximo, enquanto os valores mínimos se registam no solstício de inverno (a 21 de dezembro). além disso, é maior quanto menor for a altitude e varia também com a latitude, sendo maior nos trópicos e menor nos pólos. «em portugal, é menor nas regiões do norte do continente e maior na madeira», explica luís filipe nunes.
de acordo com o im, em lisboa, registam-se níveis entre 1 e 2 em dezembro, 4 e 5 em março, 8 e 9 em junho e 5 e 6 em setembro, podendo, no entanto, chegar a valores de 10 e 11. «no verão, quando é mais elevado, o índice regista o seu valor máximo ao meio dia solar», salienta luís filipe nunes. no final de junho, o meio-dia solar é às 13h40.
ainda que a intensidade da radiação seja maior com o céu sem nuvens, que atenuam os uv, o meteorologista explica que tudo «depende da sua espessura e tipologia».
há casos em que, apesar das nuvens, se registam níveis elevados de radiação: «se o céu estiver coberto com nuvens altas, por exemplo do tipo cirrus, a atenuação da radiação uv é pequena».
por isso é que osvaldo correia lembra a expressão popular ‘nevoeiro, sol matreiro’. o dermatologista alerta ainda para os dias ventosos, que criam uma falsa segurança, «julgando-se as pessoas protegidas, pois o vento dá aquela sensação de frescura».
mas nem tudo são más notícias quando se fala de exposição solar: apesar de, entre 1970 e 2000, a variação do índice uv ter aumentado, registou-se uma regressão nos últimos anos.
«a evolução desde o início da década de 1990 apresenta melhorias, devido à recuperação da camada de ozono», afirma luís filipe nunes. l