estas mudanças, aliás, são das que mais marcam – pelo menos enquanto são novidade – a vida quotidiana dos cidadãos e das empresas. e, muitas vezes, geram até episódios caricatos, porque nem todos se apercebem da alteração e, nalguns casos, chegam a desconfiar das novas notas, julgando que são falsas. em portugal, por exemplo, na introdução do euro, muita gente levou tempo a adaptar-se ao desaparecimento do escudo, sobretudo os cidadãos mais idosos.
mas angola – onde não está em causa algo tão radical como a introdução de uma nova moeda – está carente de novas notas. quem não recebe, todos os dias, várias em mau estado, amachucadas, sujas, gastas pelo uso? as notas são um dos símbolos de soberania dos estados, e é sempre de lamentar ver um desses símbolos em mau estado. é claro que nenhuma nota pode manter-se com um ar novo por demasiado tempo, porque a circulação é elevada.
neste caso, porém, há uma razão para que existam tantas ‘maltratadas’: como lembrou o governador do banco nacional de angola, josé massano, a prática internacional recomenda a emissão de notas e moedas num período não superior a sete anos; e as angolanas levam já 13.
por outro lado, a emissão de notas com um valor mais elevado – de cinco e dez mil kwanzas – vai facilitar a vida de muitas cidadãos e empresas, forçados a transportar um elevado número de notas que, no fundo, somadas, não valem assim tanto. o kwanza vai aparecer de cara lavada e será fabricado de acordo com padrões de qualidade internacional, com a vantagem de, com este procedimento, se tornarem mais difíceis as falsificações.
mais delicada poderá ser a reposição da moeda metálica, que caiu em desuso. nenhum comerciante, aliás, aceita moedas, até porque hoje em dia elas são praticamente uma peça de museu, por não circularem.
na europa, muitas pessoas – sobretudo se tiverem condições financeiras para tal – têm um hábito saudável: chegar a casa ao fim do dia e esvaziar os bolsos das moedas acumuladas durante o dia, colocando-as em ‘porquinhos’, ou mealheiros de algum tipo. as moedas, nestes casos, são incentivo à poupança. pode ser que o exemplo também ‘pegue’ em angola. sabe sempre bem, quando o ‘porquinho’ está cheio, parti-lo e gastar as moedas acumuladas nas compra de um capricho qualquer.