Festival de Teatro de Almada: a crise chegou mas não venceu

É uma tradição de Verão: durante duas semanas, todos os caminhos conduzem a Almada, onde se respira teatro. Arranca hoje a 29.ª edição do Festival de Teatro de Almada que, todos os anos, nos brinda com o que de melhor se faz em teatro pelo mundo e em Portugal.

peter stein é o convidado de honra desta edição – que se prolonga até dia 18 – e que, apesar da crise e dos cortes drásticos de 38% nos apoios às artes, apresenta uma programação de luxo, com extensões a lisboa e a braga.

são 18 espectáculos de teatro, dança, novo circo e pantomina (sete portugueses e 11 internacionais), quatro deles em estreia. uma programação apenas possível devido às boas relações dos organizadores com os artistas. «este é um local de resistência e um festival organizado por artistas», explica rodrigofrancisco, director-adjunto doteatromunicipal de almada.

«por isso não passa por agenciamentos, falamos directamente com os artistas.quando vêm a almada adaptam-se ao que podemos dar».é que, se no ano passado, em que a crise já se fez sentir, o festival contou com um orçamento de 580 mil euros para 27 espectáculos, este ano o valor reduziu-se para 350 mil euros, o que significa menos nove produções.

os senhores que regressam

o festival inaugura-se com a idade de ouro, espectáculo coreografado por pedro g.romero no qual se poderá assistir ao movimento de um dos mais destacados bailarinos de flamenco actuais.

faust fantasia é o espectáculo que o alemão peterstein, um dos grandes mestres do teatro europeu, traz a lisboa, para ver nosãoluiz, a 9 e 10. outro grande nome do teatro europeu que virá ao festival é o suíço christoph marthaler, com +-0 (um acampamento no subártico), a 13 e 14, no centro cultural de belém. e, para os que não conseguiram assistir, no ano passado, a que fazer? (o regresso), de jean-charles massera e benoît lambert, a peça volta à cena, a 14, na escola d.antónio da costa. é possível, ainda, ver o espectáculo de novo circo de victoria thierrée-chaplin, murmúrios dos muros, na culturgest, entre 12 e 15.

para os que preferem a língua portuguesa, destaque para o espectáculo da cornucópia o sonho da razão, uma colagem de textos de diderot, voltaire,marquês de sade e voisenon, de luís miguel cintra(entre 5 e 8, no teatro dobairro alto), o mercador de veneza, de william shakespeare, por ricardopais (em estreia, a 5 e 6, no teatromunicipal de almada) e o sr.ibrahim e as flores docoração, de eric-emmanuelschmitt, pelo teatromeridional, numa encenação de miguelseabra (em estreia, a 16 e 17, nofórum romeu correia). oportunidade, ainda, para ver a criação colectiva dos belgastg stan comtiagorodrigues,nora, de henrik ibsen (em estreia, entre 6 e 9, noteatromunicipalmaria matos).

e como nem só de palco vive o festival, há também debates, encontros com o público, uma exposição de josé loureiro(autor do cartaz dofestival) e duas mostras documentais: uma retrospectiva da carreira de cecília guimarães e uma retrospectiva dos 40 anos da companhia de teatro de almada.

rita.s.freire@sol.pt