como desenhar mulheres, motas e cavalos é o pontapé de saída do festival e quem o dá é nuno markl. «estava com saudades de reavivar esse lado do desenho cru, quase com estética ‘acabado de fazer numa toalha de papel no fim da sobremesa’, e o desafio foi transpor isso para o sítio mais improvável: um palco. não é stand up, mas ao mesmo tempo é o mais próximo de stand up que já fiz. embora esteja boa parte do tempo sentado!».
ao humorista também se juntam maria rueff e joão quadros para uma conversa encenada: «é quase em jeito de uma conferência de imprensa sob o tema de o que é hoje o humor. acho que é um dos momentos mais inesperados e interactivos, já que o público pode fazer perguntas», remata.
entre os grandes atractivos do festival contam-se ainda os dois momentos de stand up protagonizados por manuel marques, aldo lima e bruno nogueira; a peça 10 milhões e picos, com césar mourão e eduardo madeira; e o espectáculo anos 80, de herman josé: «os anos 80 são únicos. é uma década irrepetível. destaco o tony silva, em 1980, o josé estebes em 1982, o serafim saudade em 1985 e a maximiana em 1988».
segundo hugo nóbrega, da produção, a ideia foi manter o que resultou em 2011. «achamos que o são jorge continua a ser um sítio óptimo. por outro lado, também quisemos manter os mesmos nomes. a grande diferença é que este ano apostámos nas oportunidades para os jovens talentos, através de um open mic [apresentado por luís filipe borges], e também no humor no feminino. temos aí grandes sucessos de mulheres e portanto vamos ter um espaço só com elas!».
joana cruz faz de cicerone dessa noite dominada pelo estrogéneo de inês lopes gonçalves, ana markl, marta gautier e tânia barbosa, que diz ter encontrado no humor «uma forma de partilhar os pensamentos idiotas que me passam pela cabeça…».
além dos espectáculos, o festival vai contar também com várias sessões de cinema. uma delas é dedicada à antestreia nacional da comédia bernie – morre e deixa-me em paz, um filme de richard linklater, com matthew mcconaughey, jack black e a veterana shirley maclaine.
ainda no capítulo da sétima arte, rui pedro tendinha escolhe as três curtas-metragens que melhor reflectem o panorama da comédia portuguesa no audiovisual: artur, de flávio pires (vencedor do festival short cutz), cabine, de paulo neves, e linhas de sangue, de sérgio graciano. e finalmente há o preview de balas e bolinhos 3, uma saga que se tornou um fenómeno de culto. em 2004, o segundo capítulo da trilogia rendeu 58 mil espectadores com apenas seis cópias disponíveis.
«o ano passado tivemos cá o actor brasileiro fernando caruso, que ficou muito impressionado com o facto de o festival conseguir misturar ao humor cinema, música, conferências e exposições, mas no fundo é isso que lhe dá dimensão», lembra hugo nóbrega.
é aliás imbuído por este espírito que o cineasta antónio-pedro vasconcelos vai integrar a conferência ‘humor e media’ com jorge reis (escritor e cronista), josé pina (cronista) e álvaro costa (locutor e apresentador); ou que filipe fonseca preside ao debate ‘esta palestra não tem título mas aceito sugestões’. «o mais provável é que falhemos, eu e o público, e cheguemos ao fim sabendo ainda menos do que sabíamos no início. e isso dá sempre um quentinho bom no estômago», ironiza o escritor e guionista.
além do cinema e das conferências, o festival vai contar com a exposição de fotografia de joão cupertino. amor com humor se paga é um projecto encabeçado pelos actores césar mourão e joão mourato para criar um livro de fotografias humorísticas com figuras públicas de diferentes quadrantes.
chakall, pedro laginha, fátima lopes, joão manzarra e pedro lamy são os primeiros a chegarem-se à frente da objectiva. a missão é reunir fundos para a unidade de pediatria do ipo e para a associação portuguesa de cuidados paliativos.
patricia.cintra@sol.pt