Os novos ‘Descobrimentos’

O correu ontem, em Luanda, uma conferência que juntou em debate engenheiros portugueses e angolanos, e governantes dos dois países.

os negócios, e a engenharia é uma das suas componentes, têm a vantagem de unir países muitas vezes com interesses políticos distintos, contribuindo, assim, para o aprofundamento das relações governamentais. o mundo dos negócios é, por isso, muito particular: cria pontes para entendimentos políticos, gera a necessidade de consensos que, de outro modo, dificilmente seriam alcançados. mais: os negócios aproximam os povos, as pessoas, levando-os, muitas vezes, a descobrirem-se, ou a redescobrirem-se.

a conferência de ontem (‘engenharia portuguesa ao serviço de angola – um caso de sucesso’) foi, por isso, feliz. o ‘sucesso’ não se limita às obras feitas no passado, que para alguns é saudoso. nem tem que ver apenas com os ganhos financeiros que as empresas portuguesas obtêm em angola – ainda que isso seja, cada vez mais, determinante para muitas delas.

o sucesso diz respeito ao presente e, sobretudo, ao futuro, porque os negócios levaram os dois estados a aproximarem-se. e geraram e fizeram renascer relações humanas que vão perdurar. mas mais: sucesso é, sobretudo, a transferência de conhecimento.

e hoje é dia de outra conferência, mais abrangente, sobre a qual, aliás, já escrevemos. o ‘angola business forum’, que marca o fim da presidência angolana da confederação empresarial da cplp, é um espaço de esperança.

tal como a cplp, cuja direcção também vai mudar de mãos, para o outro lado – o do índico – da áfrica austral. moçambique é um país em franco desenvolvimento e para o qual cada vez mais empresários – da chamada ‘lusofonia’, mas também do resto do mundo – olham. e olham bem. porque é um país de futuro, aberto – como angola – aos que falam português. e aos outros todos que forem por bem.

a história é cíclica, como sabemos. e as posições mudam. os fortes de ontem tornam-se frágeis hoje. e isso nada tem de mal. o importante é, como lembra albina assis em entrevista ao sol, que juntos saibam traçar caminhos comuns. os países que falam português são já importantes parceiros bilaterais, sobretudo no que diz respeito aos fluxos entre angola, moçambique e portugal, a par de cabo verde. no médio prazo, estes fluxos podem juntar-se – dois a dois, três a três, nas combinações certas – para levar os negócios em português a mais paragens.

os novos ‘descobrimentos’ podem, afinal, ser feitos em conjunto.