a memória da herdade da torre do frade, situada no concelho de monforte, junto à fronteira com a estremadura espanhola, perde-se no tempo. em 1348, o original proprietário (vicente martins curvo) morreu, deixando escrito no seu testamento que as suas terras – compostas pelos montes da torre de curvo de cá, torre de curvo dalém (actual torre do frade) e torre de alvarenga – seriam para o sustento dos eremitas de santo agostinho, que aí tiveram um convento até 1834. e é precisamente nesse ano que tudo muda e começa a esboçar-se a actual propriedade. tudo por causa de uma lei, de 30 de maio desse mesmo ano, promulgada pelo então ministro dos negócios eclesiásticos e da justiça, joaquim antónio de aguiar. esta sua febre legislativa (que lhe valeu a alcunha de mata-frades) tinha apenas um fim: extinguir as ordens religiosas e, com elas, os seus bens imóveis, que se destinavam a ser vendidos em hasta pública. foi antónio martins de sousa zuzarte quem as comprou e hoje ainda estão na posse da quarta geração da família, sendo fernando carpinteiro albino o seu elemento mais conhecido pelo seu passado de piloto de ralis.
o ferro da torre do frade está presente no gado da raça alentejana, nos cereais, na cortiça e no mel, e só em 1999 se decidiram pela plantação de 24 hectares de vinha (aragonez, trincadeira, syrah e alicante bouschet). as uvas começaram a ser fornecidas a adegas particulares, em 2002, até que em 2004 avançaram para a criação de uma marca de vinhos própria, projecto que saiu ainda mais reforçado com a plantação de 7,5 hectares de vinha branca (viognier e arinto).
em 2009 é produzido o primeiro vinho branco da casa e chegam agora aos mercados duas novidades: o torre do frade virgo branco 2011 e o torre do frade viognier branco 2011. do virgo foram produzidas nove mil garrafas e quando o provámos sentimos um aroma intenso a citrinos, com um toque floral.
destaca-se, sem dúvida, a sua frescura e com um teor alcoólico de 13% pode fazer as honras de qualquer casa, à mesa ou simplesmente como aperitivo.
quanto ao viognier (três mil garrafas), revela intensidade cítrica, com um final de boca muito frutado, fresco e prolongado. igualmente com um teor alcoólico de 13%, acompanha muito bem peixes gordos (grelhados ou no forno) e carnes brancas com acompanhamentos condimentados.
o enólogo responsável por estes dois vinhos aptos a atacar a época de verão é paulo laureano. l
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