Mourinho, ‘à traidor’, e o Europeu: tudo à mistura num perdão que vai dar que falar

Uma decisão que já dá e dará que falar. Empurrada pela graça de se encontrar num país cuja selecção se sagrou bi-campeã europeia, como assim o justificou, a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) fez a obra de conceder um indulto, leia-se, um perdão às sanções que tinha aplicado a José Mourinho e Tito Vilanova, pelos…

a primeira delas, e quiçá a mais proeminente, veio de joan
laporta, antigo presidente do clube. o ex-dirigente catalão apontou críticas
directamente ao treinador português, mas já lá vamos.

primeiro, a razão que levou a rfef a retirar as sanções aos
dois técnicos – para mourinho, foram dois jogos de suspensão, e vilanova, hoje
treinador do barcelona, fora punido apenas com um encontro. angel villar,
presidente do organismo que rege o futebol espanhol, justificou a decisão com a
«circunstância particularmente feliz», por ocasião da revalidação do europeu de
futebol pela selecção espanhola.

para o dirigente, a conquista «coloca o futebol espanhol no
topo e é um motivo para a retirada das sanções» que tinham sido impostas, e que
seriam executados este temporada, como recordou a marca. mourinho e vilanova já
estariam à espera de estarem sentados nas bancadas dos estádios onde, em
agosto, se disputará supertaça de espanha, a duas mãos.

agora, poderão antes estar onde mais estão habituados,
sentados nos bancos de suplentes.

uns bancos onde, há quase um ano, ambos estiveram e de onde
se levantaram para protagonizaram um episódio que acabou por ofuscar a
conquista do barcelona da prova.

já perto do final do encontro, e após uma entrada agressiva
de marcelo, do real madrid, sobre cèsc fabregas, do barcelona, vários jogadores
entraram em picardias. os confrontos acabaram por atrair os dois técnicos.
mourinho deu uma chapada e pelo meio atingiu vilanova no seu olho, que depois
ripostou contra o português.

o problema para joan laporta, além da anulação das sanções, é
o facto de o treinador do real madrid ter actuado pelas costas. «mourinho é um
agressor e fê-lo à traidor, pelas costas», começou por explicar, para depois
defender que «só deviam ter sancionado» o português, pois «a reacção de tito
vilanova é normal».

citado pelo desportivo marca, as palavras do ex-presidente ‘blaugrana’
reforçam ainda que a reacção do técnico – que esta época substituirá pep
guardiola como treinador principal do barcelona -, foi a de «alguém que actua
quando o atacam pelas costas». recorde-se que, depois de ser atingido por
mourinho, vilanova deu uma chapada no português.

a decisão da rfef parece ter aberto a porta a um
intensificar das tensões entre os dois maiores clubes espanhóis. e tudo quando
resta cerca de um mês para se voltarem a encontrar, precisamente na final da
supertaça de espanha.

diogo.pombo@sol.pt