há alturas em que mais vale admitir a ignorância. vi e li quase todas as explicações possíveis: humorísticas, pedagógicas, musicais, eruditas, para totós e nada. minto. o esclarecimento mais interessante, que quase me levou à ilusão de pensar que devia ter tirado o curso de física, foi o da the economist. mas o algodão não engana e basta tentar reproduzir a explicação numa conversa para as dúvidas se tornarem todas elas um grande bosão, onde os pontos de interrogação atómicos convivem infinitamente. há, no entanto, três aspectos que ficaram claros graças ao artigo mencionado: 1) a descoberta científica ainda vai no adro, mas higgs ou não, há ali qualquer coisa; 2) nos tempos que correm, esta investigação é caríssima e o pior é que, em termos práticos, não mudará a nossa vida nem o modo como o mundo é governado. mas 3) vai mudar a ciência e não é pouco.
corre, katie
a notícia do divórcio de katie holmes e tom cruise teve o efeito curioso de pôr o planeta do lado da mulher. o motivo para a separação das duas celebridades de hollywood ter sido mais comentada do que o costume tem que ver com a outra paixão de tom cruise, a cientologia, que é encarada com desconfiança por grande parte da humanidade. não se percebe muito bem o que pretende este ramo da ficção científica, mas a sua prática de evangelização não andará longe da professada pelo célebre frank t.j. mackey, no filme magnolia. chama-se ‘lavagem ao cérebro’ e movimenta muitos milhões de dólares. também não sabemos até que ponto a ‘religião’ interferiu com o casamento. fontes ligadas a cruise dizem que não. fontes ligadas a holmes dizem que sim. e dizem mais: que tom cruise estaria a preparar a filha de seis anos, suri, para ingressar na igreja da cientologia. por mim, katie holmes fugiu. ninguém no mundo lhe poderá levar a mal.
o peso dos anos
não estão todos confirmados, mas calcula-se que sejam quarenta os monges tibetanos que se auto-imolaram num ano em protesto contra as autoridades chinesas. o karmapa, ogyen trinley dorje, de 27 anos, provável sucessor do actual dalai lama, além de denunciar o genocídio cultural que os tibetanos estão sofrer, apelou para outras formas de protesto em vez da auto-imolação. é, sem dúvida, uma declaração sensata, que podia ser proferida por um dirigente ocidental sensato. quando foi questionado sobre o tema, o muito respeitado dalai lama, de 77 anos, não quis dar a sua opinião. afirmou que se exprimisse a sua compreensão pelo sacrifício daqueles monges, as autoridades chinesas acusá-lo-iam de promover a insurreição. se, pelo contrário, o condenasse, estaria a ofender as famílias dos mortos, visto que seria uma admissão de que as suas mortes tinham sido inúteis. o politicamente correcto karmapa ainda tem muito que aprender.
agora ao contrário
marcel pohl tem 22 anos e é um pequeno génio da economia e da gestão. como sabemos? porque acabou o curso e o mestrado em apenas três semestres quando devia ter demorado 11. em 20 meses, o aluno terá passado a 60 exames e afirma que foi tudo legal porque os professores concordaram com o processo. a universidade privada onde estudou, em essen, na alemanha, vem agora exigir que o aluno pague os três mil euros de propinas que correspondem aos semestres que faltam. há dois problemas no caso do turbo-licenciado-mestre alemão. o primeiro tem que ver com um sistema de ensino baseado exclusivamente em exames. pohl pode ser óptimo, mas não foi aluno universitário de nada. é só mais uma pessoa a apresentar um canudo. o segundo tem que ver com conivência dos professores, que não terão visto nada de errado no método de obter os créditos. é mais um caso em que será tudo legal e em que está tudo mal. a diferença é que o rapaz alemão é mesmo bom.
queridas desocupadas
os resultados de um inquérito recente feito a 1.500 mulheres com mais de 18 anos sobre a sua actividade nas redes sociais foram divulgados pelo telegraph. a maioria afirmou que publicara fotografias pouco lisonjeiras das amigas sem a autorização das mesmas. o facebook parece ser o instrumento ideal de vingança e humilhação pública entre as raparigas, que declararam não ter nenhum problema em mostrar nos murais as amigas sem maquilhagem, despenteadas e pouco favorecidas. há por aí umas vingativas facebookianas que não hesitam em mostrar ao mundo o que de menos bom existe nas próprias amigas. não deixa de ser refrescante saber que o facebook não é só amor e carinho. também há bruxas e parece que não são poucas. o engraçado é haver tantas sabotadoras quanto sabotadas. a grande maioria das mulheres não permite ser ‘tagada’, o que minimiza os estragos, mas não os elimina. a conclusão? o facebook é mesmo para quem não tem mais que fazer.
