joão caholo, secretário executivo adjunto para a integração do bloco económico regional, alertou que a meta implica que exista integração fiscal, estabilidade política sólida e segurança nas fronteiras da região. o que está em causa, recorde-se, é a criação de uma moeda única até 2018, a par de um banco central da áfrica austral.
numa altura em que ainda são visíveis as ondas de choque da chamada crise da zona euro, vale a pena reflectir sobre este objectivo. o euro foi apresentado como um feito histórico, na medida em que integrou economias diferentes – do ponto de vista qualitativo e de produto. mas os acontecimentos a que temos assistido mostraram que, afinal, não havia condições para juntar no mesmo pote economias tão divergentes.
o euro foi, durante anos, um balão de oxigénio, mas, ultimamente, tornou-se um ‘doente’. o sonho transformou-se num pesadelo. e, se terminar, dará origem a uma crise sem precedentes – que vai afectar todos, fortes e fracos.
um dos problemas do euro é, precisamente, aquele de que se fala na sadc. não pode haver uma moeda única funcional se as políticas fiscais forem demasiado divergentes, por exemplo. e é sabido que as políticas fiscais da sadc são divergentes. mais: em muitos países da sadc, a chamada ‘máquina fiscal’ é disfuncional, estando ainda em construção ou, na melhor da hipóteses, estabilização.
mas há mais problemas na criação desta moeda única.vários analistas alertaram para um que é essencial: a inexistência de estatísticas fiáveis em vários países da áfrica austral. ora, sem controlo estatístico é impensável haver uma união monetária. e dificilmente daqui até 2018 esta questão estará resolvida.
criar uma moeda única é uma decisão demasiado importante para ser tomada sem que existam todas as garantias de que, mesmo no pior cenário, ela não vai soçobrar.
importa sobretudo que os países da sadc resolvam os seus problemas macro e microeconómicos. se o ‘sonho’ da moeda única for o pretexto para acelerar as reformas necessárias, tanto melhor. ganham os estados e os países, e a região no seu conjunto, como bloco económico com peso crescente em áfrica e no mundo. mas 2018 é ‘amanhã’. até lá, dificilmente os problemas mais importantes estarão resolvidos, por muita vontade política que exista. convém, por isso, manter os ‘pés na terra’. para evitar males maiores.