Rússia escolhe Capello, e já cá canta um trio de estrangeiros

Chegou-se a falar que seria o ponto final numa extensa carreira. Em Maio, Fabio Capello abandonava a selecção inglesa, batendo com a porta após divergências com a federação do país. Hoje, o seu nome é confirmado como o novo treinador que estará encarregue de guiar a Rússia até ao Mundial de 2014.

nos últimos dias, os sinais eram óbvios. até andrei
arshavin, o capitão da selecção russa e um dos símbolos do futebol no país,
revelara que seria o italiano o próximo na linha de sucessão de seleccionador
estrangeiros.

fabio capello aterrou hoje em moscovo, e com ele chegou o
terceiro capítulo na história da selecção russa. um capítulo que traz a mesma
história: uma vez mais, será um técnico estrangeiro a comandar a selecção
russa, desta feita um italiano, após o par de treinadores holandeses que
ocuparam anteriormente o cargo.

em 2008, os russos furaram pelo europeu de 2008 e só foram
travadas por uma espanha que só demoraria mais uns dias a conquistar, pela
primeira vez, o título europeu.

pelo meio atropelaram a holanda, numa prestação que encheu
os russos de expectativas, que dois anos mais tarde lhes seriam roubadas pela
desilusão trazida pela não qualificação para o mundial de 2010. tanto no
sucesso como no falhanço, o homem ao leme era guus hiddink, holandês que seria
demitido depois de não conseguir garantir a viagem para a áfrica do sul – nação
que acolheu o campeonato do mundo.

a federação russa de futebol (frf) não demorou a encontrar o
seu sucessor, cujo nome viria do mesmo país, mas que já estava há vários anos
no futebol russo. dick advocaat foi o escolhido, fruto dos campeonatos que
conquistara ao serviço do zenit são petersburgo e, sobretudo, pela taça uefa
que venceu em 2008.

uma holandesa
desilusão

o holandês colocou a rússia a jogar como hiddink a pusera em
2008: com um futebol de poucos toques, passes curtos e constantes
movimentações. os russos apuraram-se com facilidade para este último europeu, e
entraram na polónia e na ucrânia decididos reerguer a imagem positiva que
deixaram há quatro anos.

e prometeram. os 4-1 no encontro inaugural, impostos à
república checa, rotularam logo os russos como uma ameaça a evitar. porém, o
aparente relaxamento de alguns jogadores retiraram velocidade ao jogo da
equipa, que dominava a bola, sim, mas cuja lentidão tornava tudo, por vezes,
demasiado previsível. assim, seguiu-se um empate (1-1) com os polacos, e uma
derrota diante de uma grécia (0-1) que poucos teriam previsto.

nova desilusão, e novo afastamento. advocaat abandonou o
comando da selecção russa, que partiu assim na busca do seu sucessor.

o daily telegraph escreve que a lista de candidatos,
redigida pela própria frf, chegou a ter 13 nomes, com pep guardiola e marcelo
bielsa à mistura, mas foi quiçá o mais conservador o escolhido para assumir o
cargo. fabio capello vai auferir cerca de 6 milhões de euros anuais, e o
objectivo é claro – qualificar a rússia para o mundial de 2014, que se
disputará no brasil.

a selecção russa receberá o cunho já habitual do técnico
italiano. capello costuma montar as suas equipas, primeiro, com base na
consistência defensiva e na organização dos seus jogadores em campo, procurando
equilíbrios antes de pensar em mexer as peças no ataque, quando a equipa tem a
bola.

este era, de resto, uma das críticas que recebeu enquanto
seleccionador inglês: a de construir uma equipa demasiado previsível, lenta e
com pouca criatividade para desmontar a defesa e organização adversárias.

agora, com uma das melhores gerações de jogadores russos nas
mãos. andrei arshavin, alan dzagoev, igor denisov e yuri zhirkov são nomes
conhecidos no futebol europeu e que deverão constituir a base da selecção nos
próximos dois anos.

caberá ao italiano, hoje com 66 anos, montar uma equipa que se equipare, pelo
menos, às ambições e expectativas dos adeptos e dos dirigentes da frf.

diogo.pombo@sol.pt