o caso está hoje, quinta-feira, espalhado pela imprensa desportiva espanhola. após uma denúncia anónima, a polícia espanhola começou a investigar a troca de emails em causa, em cooperação com o conselho superior de desporto (csd) e a federação espanhola de atletismo.
nas mensagens interceptadas, recorda o el país, e datadas de finas de agosto de 2011, mullera começou por enviar várias questões para o endereço entrenamiento-profesional@hotmail.com(em português, literalmente traduzido para ‘treino profissional’).
justificando as suas perguntas com a necessidade de rubricar bons tempos na prova dos 3000 metro barreiras no europeu de helsínquia – evento disputava em junho deste ano, e que lhe poderia permitir a qualificação para os jogos -, o corredor de fundo espanhol iniciou a troca de emails quando ainda estava na coreia do sul, onde disputava os mundiais de daegu, em agosto de 2011.
mullera começou por enviar os seus níveis de hemoglobina e hematócritos, apenas detectáveis por via de análises ao sangue, falando ainda de outro componente sanguíneo, «que veria» e enviaria depois. aos seus apelos, a resposta não demoraria.
o tal endereço de email recomendou-lhe que começasse a tomar saizen, «uma hormona de crescimento», que podia «melhorar a sua capacidade de sprint», e dynepo e mircera, para «a resistência». ambas as substâncias são uma forma do que é conhecido por epo, e destinam-se a estimular uma hormona natural no corpo humano responsável pela produção de glóbulos vermelhos.
no ciclismo, por exemplo, a utilização de epo denomina-se frequentemente de ‘doping do sangue’, sendo uma substância que foi detectada já em diversos ciclistas. lance armstrong, norte-americano que conquistou por sete vezes a volta à frança, uma das maiores caras do desporto, está a ser investigado por denúncias de que terá utilizado, por várias vezes, esta substância.
o medo dos controlos
aconselhadas as substâncias, houve tempo depois para outras questões, sobre os controlos anti-doping.
nas mensagens seguintes, ángel mullera insistiu em perguntar «as contradições» que existiam e «em quanto tempo se podia detectar a mircera na urina».
do outro lado chegou o esclarecimento de que saizen seria «indetectável», e conselho para que o espanhol tomasse «50ml de mircera por quilo de peso, três vezes por semana», instruindo depois para que o atleta tomasse glutamina – um aminoácido -, antes de competir, «para eliminar rastos de epo» no sangue.
nos últimos dias, já depois da denúncia anónima, as autoridades informaram a agência estatal anti-dopagem espanhola, que ordenou que fosse realizado um controlo em busca das substâncias mencionadas nos emails. os resultados ainda foram divulgados.
alarmante será também o facto de, numa das mensagens, o remetente referir que, na altura, existiam «vários atletas espanhóis que [estavam] a utilizar» as mesmas substâncias.
graças aos tempos que rubricou ao longo do ano, ángel mullera qualificou-se para os jogos e foi escolhido para integrar a equipa olímpica espanhola. em londres, a agência mundial anti-doping deverá testar por várias vezes o atleta que, como o el país recordou, não costuma lograr grandes resultados em provas internacionais.
em 2008, nos jogos de pequim, o espanhol alcançou apenas o mínimo b nos 3000 metros barreiras, e em 2009, terminou a época no oitavo lugar do ranking europeu.
