hoje, quinta-feira, a notícia chegou através do tribunal arbitral
do desporto (cas, na sigla inglesa), instituição encarregue de julgar este tipo
de casos, como escreveu a cnn.
o seu juízo determinou que fosse levantada a suspensão que
tinha sido aplicada a bin hamman, o dirigente qatari que concorrera contra sepp
blatter nas últimas eleições presidenciais da fifa, em 2011.
na altura, e a poucos dias da votação final, hamman
retirou-se da corrida quando o escândalo de alegados subornos foi desvendado,
deixando o caminho da vitória à mercê do suíço, que o atravessou sozinho, sem
oposição.
bin hamman fora acusado de subornar os dirigentes da ufc em
troco de votos na luta à presidência da fifa, num escândalo em que também se
viu envolvido jack warner, presidente da associação de futebol da américa do
norte.
blatter voltaria a vencer, e está hoje a cumprir o seu derradeiro
mandato ao leme da fifa. um período que tem sido abalado pelos ares da
corrupção.
a queda da punição a hamman, por falta de provas, surge mais
uma colagem de um episódio de corrupção ao nome da fifa. só este mês,
recorde-se, houve diversos episódios a alongar as notícias sobre o organismo
que rege o futebol mundial. e logo pelos piores motivos.
na passada semana, ficou provado que joão havelange,
brasileiro que precedeu a sepp blatter na liderança da fifa e hoje presidente
honorário da instituição, recebera subornos e pagamentos por parte da isl, uma
empresa de marketing parceira da fifa durante o tempo em que esteve no cargo.
no total, terá recebido cerca de 1,25 milhões de euros.
depois, na última segunda-feira, blatter recolheu para si as
atenções. o suíço revelou que a alemanha teria «comprado» o mundial de 2006, e
numa entrevista a um diário helvético, soltou mesmo palavras que indiciaram um
favorecimento à candidatura germânica por altura da votação final, para decidir
quem seria o país anfitrião da prova.
privilégios em causa
na suíça
entretanto, blatter confessou a hipótese de retirar o título
honorário ao ex-dirigente brasileiro.
na terça-feira, o líder nomeou juiz um norte-americano para
chefe da investigação da comissão de ética da fifa, e um outro, alemão, para
dirigir o tribunal erigido pelo organismo. a nomeação de ambos visa impedir que
mais casos de corrupção venham a acontecer no futuro. porém, não conseguirá
evitar a perda de prestígio que já se começa a notar na fifa.
ontem, quarta-feira, surgiu a maior ameaça ao organismo.
alguns políticos suíços ameaçaram retirar à fifa os privilégios fiscais e
legislativos dos quais usufrui, por estar sediada em zurique.
os avisos reflectem o descontentamento dos responsáveis
helvéticos face ao modo de actuar da fifa, em concreto no caso de joão
havelange e da isl, empresa que em 2001 decretou a sua falência com uma dívida
a rondar os 245 milhões de euros.
roland buechel, membro do parlamento suíço, sublinhou à
irlandesa rte que a assembleia «quer ver alguma coisa a acontecer» da parte de
fifa, caso contrário, prosseguiu, «será difícil que não seja tomada nenhuma
atitude política».
este poderá ser o alerta que a fifa necessitava, para se
revestir de seriedade e afastar, de uma vez por todas, a sombra da corrupção
que cada vez mais afasta os olhares de adeptos e simpatizantes do futebol.