um paraolímpico no meio de olímpicos. assim se pode descrever a participação do atleta que correrá com próteses em vez de pernas nos jogos olímpicos de londres.
a áfrica do sul fechou os olhos aos tempos e incluiu oscar pistorius, de 25 anos, na sua comitiva. de outra maneira não seria possível: os 45,52 segundos com que demorou a percorrer os 400 metros, na sua última tentativa, ficaram aquém dos 45,20s exigidos para a qualificação olímpica. «é uma honra saber que todo o trabalho, determinação e sacrifício deram frutos», disse o velocista à cnn, no dia em que soube que iria aos jogos competir nos 400m e na estafeta dos 400m.
já guor marial vai correr sem pais. o maratonista de 28 anos nasceu no sudão do sul, nação africana que há dias celebrou um ano de independência, e cuja instabilidade não permitiu que até agora fosse criado um comité olímpico. marial recusou participar defendendo a bandeira do sudão, o vizinho do norte. «nunca», respondeu, ao recordar o conflito que tirou a vida a 28 familiares seus. «posso perdoar, mas não posso honrar e glorificar um país que matou o meu povo», explicou.
residente nos eua, como refugiado, o comité olímpico internacional (coi) autorizou-o a competir com a bandeira olímpica. na mesma situação vão esta três altetas das antilhas holandeses, país que oficialmente deixou de exisitir em 2010.
mas o quebrar de barreiras vai muito para além das fronteiras que dividem os países e os atletas olímpicos. o tiro com arco conta com a presença de um sul-coreano clinicamente cego – tem a visão reduzida a 10% –, que ainda antes da cerimónia de abertura dos jogos bateu o recorde do mundo. aos 26 anos, im dong-hyun é o segundo classificado do ranking mundial e saiu com o ouro ao pescoço em atenas (2004) e pequim (2008), na prova por equipas. o segrego é fixar o olhar «nas cores» do alvo e «sentir o arco quando dispara», revelou ao el mundo.
favorita às medalhas é também oksana chusovitina. natural do uzbequistão, mas naturalizada alemã, carrega 37 anos no corpo e é a ginasta que mais vezes participou em jogos olímpicos: em londres, será a sexta. prata em pequim, chusovitina lutará pelas medalhas, no concurso da trave, com atletas que nem sequer tinham nascido em 1992, ano da sua estreia olímpica, em barcelona.
já o tiro a 10 metros pode desencadear um trabalho de parto. aos 29 anos, nur suryani mohamad taibi, da malásia, vai a londres com uma barriga de oito meses, a gravidez mais avançada na história dos jogos. sobre a hipótese de vencer uma medalha, a atiradora sugeriu ao daily telegraph que «os milagres acontecem».
para a história ficará ainda ahiya al-hamad, de 19 anos, outra atiradora que será a primeira mulher a representar o qatar nas olimpíadas.