Ribatejo renascido

Desde o tempo dos romanos que os vinhos do Ribatejo granjearam boa fama. Depois de uma fase menos boa no século XX, ei-los que voltam a registar grandes padrões de qualidade.

a existência de vinha no ribatejo é muito anterior à nacionalidade e remonta à época romana. vários documentos históricos atestam esta cultura e fernão lopes, cronista do reino, escreveu que se chegaram a carregar 500 navios. no entanto, foi sobretudo no século xiii que se atingiram as quotas mais altas de produção e de exportação, com destino a inglaterra. actualmente, existem no ribatejo 19.989 hectares de vinha, o que representa 8,5% do total nacional. destes, 11.993 hectares são de castas brancas e 7.996 de castas tintas. produzem-se cerca de 800 mil hectolitros de vinho.

infelizmente, os vinhos do ribatejo passaram por uma fase mais obscura durante o século xx, muito por causa da ganância da quantidade em prejuízo da qualidade. claro que havia excepções, mas a memória do acre ‘vinho carrascão’ ainda perdura. hoje, sob a denominação região tejo, o vinho ribatejano atinge altos padrões de qualidade, depois de um árduo trabalho dos produtores na recuperação das vinhas e do recurso a novas técnicas. queriam levantar a imagem de uma região e conseguiram-no.

é no concelho de alpiarça que viemos encontrar a quinta da atela, fundada em 1941 por izidoro sampaio de oliveira, empresário ligado à área industrial e agrícola (quem não se lembra das salsichas izidoro?). nesse tempo, a quinta da atela chegou a ter 2.200 hectares, mas hoje conta com 600, dos quais 130 são de vinha.

com um solo essencialmente arenoso, apresentamos uma das suas maiores apostas: o casa da atela gewurztraminer 2010, uma casta originária da alsácia mas que se tem dado muito bem nesta zona. com um teor alcoólico de 12,6%, tem uma acidez bem integrada e muito fresca. é ideal para servir como aperitivo ou para acompanhar pratos de peixe e marisco. por ser muito aromático é preferido, sobretudo, pelas senhoras.

nos tintos, apresentamos o casa da atela syrah 2007, que estagiou em barricas novas de carvalho francês e americano durante 12 meses. de cor rubi, tem boa estrutura de boca e um final longo. com um teor alcoólico de 13,8%, acompanha bem pratos de caça e outras carnes bem condimentadas.

finalmente, temos o casa da atela petit verdot 2007, com estágio de barricas idêntico ao syrah. é um vinho com um bom volume e equilibrado. com os seus 12,8% de teor alcoólico, acompanha bem carnes vermelhas.

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