A solução que demorou um ano a chegar ao Arsenal

Por esta altura, no Verão passado, tudo tombara para os lados do Arsenal. Os adeptos preocupavam-se, e com razão: de uma só assentada, perdiam o seu capitão e cérebro da equipa, Cèsc Fabregas, um dos artistas que o secundava, Samir Nasri, e um defesa que se tornara sólido e viável no clube, Gael Clichy. Em…

no final, e tendo em conta o que se temia, nem tudo correu
como os mais pessimistas previam. o arsenal terminou a premier league inglesa
no terceiro lugar e assegurou a presença, esta época, na liga dos campeões.
acabou sem títulos, verdade, mas pelo meio houve emoções que chegaram para o
compensar.

o ano novo, em janeiro, trouxe o regresso de thierry henry, o retorno de
um ícone que, com uns quantos golos, ajudou a levantar a moral de equipa e
adeptos. o francês, por sua vez, chegou no meio de uma prestação goleadora que
também espalhou alegria pelas bancadas: o holandês robin van persie acabaria
por registar a melhor das suas oito temporadas no clube, acabando com 34 golos.

uma alegria que, agora, insistiu em transformar numa
desilusão. mas já lá vamos.

por enquanto, há espaço para outros motivos que, para os
adeptos, serão mais risonhos. esta quinta-feira, a imprensa espanhola e inglesa
uniram-se para avançar com a presença de santi cazorla em londres. e aqui,
surge outro motivo: o internacional espanhol está na capital inglesa para
assinar pelo arsenal.

assim, a troco de cerca de 20 milhões de euros, os londrinos
estão prestes a arranjar um tão ansiado substituto para fabregas, o
estratega que, ludibriado por outros tantos milhões, se transferiu para o
barcelona no verão de 2011. aí, abriu a porta ao problema que agora arsène
wenger, técnico dos gunners, espera
de vez solucionar.

uma ansiada solução

com a saída do catalão, o arsenal passou uma época inteira
em busca de um substituto, um jogador que passasse a carregar a responsabilidade de pensar
o jogo da equipa. sem fabregas, deixou de haver um refúgio preferido para bola, e fugiram os pés que melhor a direccionavam para perto de outros, que defendessem as mesmas cores.

a escolha natural recairia sobre jack wilshire, mas o jovem
internacional inglês passaria a época inteira foram dos relvados, a combater lesões.

embalado pelo
desespero, no derradeiro dia do mercado de transferências, o arsenal foi buscar
de uma assentada mikel arteta, ao everton, e yossi benayoun, ao chelsea – a par
de per mertesacker, ao werder bremen.

dos dois primeiros esperava-se uma renovada linha de
sucessão para o legado deixado por fabregas. porém, a história foi outra. o
israelita benayoun, além de passar demasiado tempo no banco de suplentes,
veio-se a descobrir que actuava melhor encostado a uma das alas do meio campo. por isso, as
atenções viraram-se para o espanhol arteta.

aos 29 anos, o médio tinha pela frente o maior desafio da sua
carreira. não se pode dizer que falhou, mas tão pouco se deve escrever que fez
esquecer o antigo capitão do arsenal. 

alinhou em 40 partidas e marcou seis
golos no campeonato. dos seus pés a bola saía bem e parava quase sempre no
destino pretendido. mas as pernas, para correr, movimentar-se e procurar
espaços para receber a bola, não davam a dinâmica necessária à equipa. aliás,
foi criticado por ser lento nas suas acções.

o sucessor

a confirmar-se a chegada de santi cazorla, tudo mudará. ou assim se espera. vindo do málaga, o médio traz consigo o título de bicampeão europeu pela selecção
espanhola.

aos 27 anos, só não é titular pela equipa do seu país por
ter nascido no mesmo território onde xavi, andrés iniesta e david silva também
brotaram para o futebol. mas ao arsenal chegará com um objectivo claro:
comandar a equipa de volta aos títulos.

cazorla não se destaca pela velocidade nas pernas, mas antes
no pensamento. nas últimas duas épocas começou a actuar numa posição mais
central a meio campo, onde melhor aproveita as suas capacidade, e precisamente onde os gunners
mais precisam de inspiração. é aí que o espanhol mais tira proveito do
facto de ser ambidestro e da sua precisão de passe e remate.

a chegada do espanhol não tirará a preocupação que paira
nos adeptos sobre a provável saída de van persie do clube. mas para esse
problema, os londrinos já têm um antídoto alemão: lukas podolski.

agora, espera-se que de santi cazorla venha a solução para a
orfandade de um organizador de jogo que, durante uma época, o arsenal teve que
suportar.

diogo.pombo@sol.pt