E agora, ‘Dream Team’?

Quase cinco minutos restavam, quatro minutos e trinta e um segundos, para ser exacto. Era o tempo que ontem faltava disputar na partida de basquetebol entre os EUA e a Nigéria, mas logo aí soou um aviso, histórico e eufórico, na arena olímpica, e a ocasião não era para menos: os norte-americanos tinham acabado de…

há que explicar o que, desde o início, tem rodeado esta
equipa olímpica dos eua.

ainda antes de aterrarem em londres, a conjugação de nomes
que a integram levou a que fosse comparada a uma outra equipa, também
norte-americana, que em 1992 encantou com os seus próprios nomes os jogos de barcelona,
quando venceu todos os jogos da prova e voltou com o ouro para casa.

dessa equipa, basta referir uns quantos: michael
jordan, magic johnson, larry bird, scotty pipen ou charles barkley. se nada lhe
disserem estes apelidos, refira-se que, à época, eram dos melhores jogadores de
basquetebol do mundo, e chegaram às olimpíadas embalados pelo favoritismo. no
final, vitórias em todos os jogos, com 136 pontos marcados a cuba pelo meio.

a medalha, os nomes, as vitórias e as prestações em campo
uniram-se para dar a esta equipa um cognome que perdurou na história: ‘dream
team’, em português, a ‘equipa de sonho’.

outro aspecto merece explicação, para quem não costuma
atentar ao basquetebol.

a nba, sigla atribuída à liga profissional norte-americana
da modalidade, concentra em si os melhores jogadores do mundo. até a espanha,
de quem se espera ser das poucas oposições fortes aos eua, tem os seus melhores
jogadores em equipas da nba – como os irmãos gasol, por exemplo.

explicações feitas, atiram-se agora os nomes que, 20 anos
volvidos, os eua trouxeram aos jogos de londres: lebron james, kobe bryant, kevin
durant ou carmelo anthony. ontem, só este último marcou 37 pontos em 14
minutos, o melhor registo de sempre que um basquetebolista norte-americano nos
jogos.

ontem, frente à nigéria, a vitória estendeu-se por uma
margem de 83 pontos, a terceira maior diferença de sempre, e a mais ampla desde 1948, como recordou o desportivo espanhol marca. a ‘dream team’ chegou a vencer por 79.

os 156 pontos finais, porém, superaram os 138 com que o
brasil lograra superar o egipto, nos jogos de 1988, em seoul, na coreia do sul.

e agora, sim, se podem chamar de inevitáveis as comparações.
em 1992, a ‘dream team’ encantara todos os que a viram, e poucos esperavam que alguma vez surgisse uma outra selecção de basquetebolistas ao seu nível.

antes de começarem as olimpíadas, kobe bryant dissera à cnn que esta equipa, a de 2012, venceria
os saudosos que faziam parte da equipa de sonho. dias depois, a resposta ao los angeles times chegou pelas palavras
de quem mais direito terá a opinar, ou, neste caso, de contrariar: michael
jordan, unanimemente encarado como o melhor basquetebolista de sempre.

«não foi a coisa mais esperta quando ele comparou as duas
equipas», disse, antes de confessar que «desatou a rir» quando soube das
declarações de bryant. depois, pontuou as suas palavras com a razão do seu
lado: «lembrem-se, eles aprenderam de nós, e não o contrário».

voltemos um pouco atrás. convém, porque só assim se encontram
palavras com fundamento de bryant.

falando da vitória de ontem sobre os nigerianos, o jogador
dos los angeles lakers tudo resumiu assim – «quando estamos ‘em brasa’, é
difícil. tens todos estes jogadores na mesma equipa, e tê-los a todos bem na
mesma noite, é difícil», repetiu. aqui sim, terá toda a razão.

diogo.pombo@sol.pt