O melhor copo ao final da tarde no Porto

A esplanada interior do Café Vitória, situado numa casa centenária restaurada, é uma pequena pérola no centro do Porto, ideal para relaxar nos dias quentes de Verão.

chama-se vitória por estar situado na freguesia do mesmo nome, na baixa do porto. e o edifício, com cerca de 100 anos, reflecte características típicas da construção da cidade na primeira metade do século xx, que foram habilmente aproveitadas no projecto de arquitectura que deu origem a este café-bar-restaurante. referimo-nos à fachada em granito, relativamente austera, ao pé-direito e, principalmente, ao logradouro/pátio nas traseiras. esse espaço foi utilizado para dar continuidade ao bar, com uma cobertura de vidro (podemos chamar-lhe jardim de inverno), e ainda para criar um pequeno jardim/esplanada ao ar livre. trata-se de uma área com piso em saibro, plantas, árvores e cadeiras de verga e de madeira, onde apetece estar num final de tarde de verão. os azulejos azuis e brancos originais e os muros em pedra dão-lhe um carisma intemporal.

é precisamente este cantinho que levou o estilista luís buchinho a eleger o número 156 da rua de josé falcão, a poucos metros do seu ateliê, como o bar número um para descontrair depois de um dia de trabalho. porém, o vitória é mais do que isso: acompanha os diferentes momentos do dia, abrindo portas às 12h durante a semana (14h aos fins-de-semana) e fechando já de madrugada. é possível almoçar, improvisar um brunch ou lanchar.

«inicialmente isto era uma casa familiar, depois foi um armazém de máquinas de costura. fizemos uma adaptação à restauração, tentando preservar as características do edifício. ainda assim, tivemos de mudar algumas coisas, como o pátio, para onde até trouxemos árvores. como já cresceram bastante, os clientes pensam que elas estão aqui há muito tempo», refere teresa braga, uma das integrantes do grupo de sócios, composto por pessoas ligadas à arquitectura, artes e design.

no primeiro andar funciona um restaurante (que só serve jantares, de quarta-feira a sábado), mas mesmo nas áreas interiores do piso térreo (o que funciona com café-bar) podem sentir-se atmosferas diferentes: a sala da entrada permite ver o movimento da rua – um dos epicentros da movida da baixa portuense, já que aqui também estão o pioneiro café lusitano, o armazém do chá e o alfaiate – e convida a uma passagem mais apressada; a sala das traseiras tem mais mesas e é a mais concorrida nas noites de fim-de-semana.

o vitória, que abriu portas em dezembro de 2010, proporciona um ambiente requintado, sem ser exageradamente caro e, ao mesmo tempo, descontraído. ideal para saborear uma cerveja, um copo de vinho, um cocktail, um sumo natural ou um refresco (há chá frio de jasmim e refresco de xarope de capilé), porventura acompanhado de algo para aconchegar o estômago, como uns cogumelos salteados ou uma tosta em pão alentejano. a música é predominantemente indie-rock ao início da noite e mais electrónica à medida que se aproxima a hora de fecho.

como frisa o jornalista mário augusto, «o porto cresceu muito na qualidade e quantidade de bares e espaços convidativos para um fim de tarde e um brinde». o nosso júri centrou atenções na baixa do porto – as excepções são os também recomendáveis sensível e shis – e, além do vitória, há outras sugestões convidativas nessa zona, como o candelabro (um antigo alfarrabista) e a novíssima champanheria da baixa.

o júri:

luís buchinho (estilista)

1 – café vitória (rua de josé falcão, na baixa do porto): «é um local óptimo, porque tem espaço interior e ao ar livre. tem um ambiente calmo e relaxado».

2 – café candelabro (rua da conceição, na baixa do porto): «tem uma situação particular a nível de localização. está numa esquina e tem esplanada no exterior: ir lá para fora depende da disposição».

2 – café au lait (rua galeria de paris, na baixa do porto): «também reúne condições para se estar no interior ou no exterior, numa rua muito bonita. de dia é bem mais calmo e permite trabalhar».

joão pedro coimbra (músico e líder dos mesa)

1 – sensível (rua de pedro homem de melo, na zona do aviz, no porto): «desenhado por anabela rodrigues, possui duas esplanadas, uma virada a nascente, outra a poente. é um sítio óptimo para tomar um copo ao final da tarde, depois de um dia no escritório, de uma visita a serralves ou de uma ida à praia. tem música ambiente, wireless gratuito, livros à disposição, sumos naturais e uma boa selecção de vinhos e cervejas».

2 – praça (praça de filipa de lencastre, na baixa do porto): «sangrias várias e tapas são uma escolha muito recomendável no praça, bar situado numa das principais artérias da movida portuense. para desfrutar enquanto vai assistindo à ‘insuflação nocturna’».

3 – café vitória: «situado numa das ruas mais emblemáticas da cidade, é também restaurante. possui várias salas, com destaque para a lindíssima esplanada interior nas traseiras, onde se pode fumar, beber e namorar».

mário augusto (jornalista da rtp)

1 – champanheria da baixa (largo de mompilher, na baixa do porto): «é um conceito inovador. serve espumantes, cavas e champanhes a flûte. mas há mais: o champanhe pode ser o ingrediente principal de mil e um cocktails que petiscam com tapas, carpaccios e tábuas de enchidos. a atmosfera é boémia, de toque francês, claro…».

2 – casa do livro (rua da galeria de paris, na baixa do porto): «já lá esteve uma livraria e muitos dos livros ficaram e dão ao local um toque distinto, que combina bem com os cocktails, produtos gourmet para os mais esfomeados e a música, da soul ao jazz. muitos anos antes passei horas por lá a vasculhar livros e regresso agora de copo na mão».

3 – shis (esplanada do castelo, à foz, no porto): «o inverno passou a verão e o verão sabe-se lá o que é, mas arriscaria dizer que na praia do ourigo se está sempre bem. de janelas amplas sobre o mar, é o lugar ideal para esperar que anoiteça. o shis tem ainda uma cozinha excelente».