Surfistas acusam autarca da Ericeira de querer ‘estragar a praia’

Muitas dezenas de surfistas concentraram-se hoje junto à praia de Ribeira d’Ilhas (Ericeira) para protestar contra o encerramento compulsivo e processo de expropriação de um campo de surf pela câmara municipal de Mafra.

Vários surfistas empunhavam cartazes comparando o autarca de Mafra, Ministro dos Santos, ao Incrível Hulk («destruir, destruir, destruir»). Noutro dos cartazes, lia-se «fiquem nos vossos gabinetes, não nos estraguem a praia».

«Isto é uma invasão de propriedade privada. Penso que não estamos num estado comunista – a câmara decretou utilidade pública para montar um centro de negócios pior do que o que cá está», disse aos jornalistas José Maria Pyrrait, treinador de surf.

Na segunda-feira, a câmara municipal de Mafra encerrou o campo de surf (uma espécie de parque de campismo para surfistas, com uma escola de surf) da praia de Ribeira d’Ilhas. Os proprietários do campo foram obrigados a desmontar o espaço e a desalojar os campistas na presença da polícia.

O encerramento veio na sequência de um processo de expropriação levado a cabo pela autarquia. Os proprietários do campo de surf discordavam do projecto de requalificação previsto para a praia, e tencionavam avançar com um outro projecto de construção de um novo ‘surf camp’.

Luís Duarte, um dos proprietários do campo de surf, disse aos jornalistas que continua disponível para dialogar «com toda a gente». Acrescentou ainda que a proposta da autarquia pela compra do espaço era de «60 mil euros pelo terreno e 120 mil euros pela empresa», o que «nem dá para pagar o empréstimo bancário».

Havia surfistas estrangeiros na concentração, entre os quais dois italianos, Francesco e Davide. «Vi o projecto da câmara, é horrível», disse à Lusa Francesco.

«Este sítio é uma reserva mundial de surf, e isso é em parte por causa do trabalho» dos proprietários do campo de surf, acrescentou.

Lusa/SOL