O vinho que nasce no Douro semidesértico

A Quinta do Couquinho, perdida em terras do distrito de Bragança, começou por ser uma produção agrícola. Hoje, ali faz-se vinho e o padrão é só um: qualidade.

o que era uma antiga exploração agrícola familiar situada na longínqua freguesia da horta da vilariça, em torre de moncorvo (distrito de bragança), transformou-se num projecto de produção de vinho – a par da produção de azeite – que tem ganho o seu espaço em padrões de qualidade. falamos da quinta do couquinho, há quatro gerações na posse da família melo e trigo e há apenas oito anos com um historial de vinificação própria.

tendo começado com uma área de 11 hectares de vinha velha, onde predominam as castas tinta barroca, tinta roriz, touriga franca e touriga nacional, e ainda que não houvesse produção vinícola própria, a uva que saía da quinta do couquinho era vendida a algumas das grandes casas do douro, como a symington ou a sogevinus. de repente, surge o projecto: três irmãos, eduardo, nelson e maria adelaide melo e trigo, resolvem dar nova vida à herança familiar e decidem desenvolver uma marca sua.

a primeira experiência na produção de vinho de qualidade (ainda sem adega própria) teve lugar em 1999, em associação com a lavradores de feitoria. mais tarde, em 2002, alugam instalações em s. joão da pesqueira e em 2003 plantam mais dez hectares de vinha (touriga nacional, touriga franca, tinta roriz e sousão) a que acrescentam, em 2006, mais um com a casta syrah. entretanto, em 2004, com a conclusão da adega da quinta, começam a fazer a sua própria vinificação, agora com a responsabilidade do enólogo joão brito e cunha.

na zona do douro superior, onde se fazem sentir temperaturas extremamente elevadas que conferem características semidesérticas (no limite da cultura para a videira), erguem-se, em socalcos de solo xistoso, os 22 hectares da quinta do couquinho e de cuja produção convidamos a provar o quinta do couquinho grande reserva 2009 (5.300 garrafas), o quinta do couquinho colheita 2009 (20 mil garrafas) e o encostas do gavião (12 mil garrafas).

jmoroso@netcabo.pt