quiçá com a mente em evitar mais tensões numa nação que, no
último ano e meio, nunca demorou a encher as ruas do cairo, a sua capital, em
protestos, o presidente egípcio explicou a sua decisão de retirar dos seus
cargos as duas principais figuras do poder militar do país.
sobretudo, quererá evitar ainda mais confrontos com o scaf,
sigla inglesa para o supremo conselho das forças armadas, agora desprovido de
chefe, face à decisão de morsi em retirar tantaui do cargo, além de destituir o
general sami annan da chefia do estado-maior do exército.
morsi decidiu ainda cancelar a emenda constitucional que os
militares tinham erigida em junho, pouco antes da sua eleição, e que, em termos
práticos, visava limitar os seus poderes presidenciais. este foi o grito de revolta do presidente, e o murro na mesa no braço de ferro pelo poder.
analistas na imprensa internacional sublinhavam a importância
de se aguardar por uma reacção oficial dos militares às decisões de morsi, algo
essencial num país que, nos últimos 18 meses, fora liderado por um scaf repleto
de figuras remontantes aos tempos do regime ditatorial de hosni mubarak, líder
deposto em fevereiro de 2011.
porém, ao que parece, a decisão de morsi terá consultado
previamente os militares antes de confirmar o afastamento das duas figuras,
segundo o avançado pela bbc. mas as
palavras, proferidas horas depois do anúncio, ainda denotavam uma cautela.
«as decisões que tomei hoje [ontem] nunca eram visadas a
certas pessoas, nem nunca quis envergonhar instituições ou estreitar
liberdades», explicou. «não quis enviar uma mensagem negativa a quem quer que
seja. o meu objectivo é beneficiar a nação e o povo», assegurou, depois.
a cadeia de televisão britânica sublinha ainda que um membro
das scaf, citado pela agência reuters, terá mesmo garantido que morsi baseou a
sua decisão «na consulta com tantaui e o restante conselho militar».
o al-ahram
destacou o apoio já endereçado por várias figuras políticas do país, como
mahmoud el-khodeiry, líder da assembleia popular, a câmara baixa do parlamento,
dissolvida em junho pelos militares.
o mesmo diário revela ainda que, na noite de ontem, várias
centenas de pessoas acorreram à praça tahrir, enigmático local, símbolo e berço
dos protestos da revolução que depôs mubarak, desta feita para demonstrar o seu
apoio à decisão de mohamed morsi.