milhares de passageiros foram
impedidos, este ano, de andar de comboio devido às avarias das composições
utilizadas pela cp – comboios de portugal. em média, todos os dias há um
comboio que não circula devido a problemas técnicos, segundo dados oficiais
dados pela empresa ao
sol
. os trabalhadores contestam e falam em números bastante superiores.
a denúncia da deterioração do material
circulante partiu do smaq – sindicato dos maquinistas (independente). a
organização liderada por antónio medeiros acusava a cp de utilizar os
maquinistas como
«bode expiatório para justificar anulações de comboios de passageiros,
com o argumento da greve, conhecendo o smaq e os maquinistas, no terreno, que a
supressão dos comboios é devida à falta de material motor/automotor»
, como se lê num
comunicado datado de 6 de julho.
para o sindicato, o problema está no corte
do investimento na manutenção e compra de novas composições.
questionada pelo sol, fonte oficial da cp refere que, no
primeiro semestre deste ano, foram suprimidos 166 comboios por «motivo de avaria
de material circulante», de um total de 247.013 viagens efectuadas. no ano passado, no mesmo
período, foram realizadas 258.570 viagens e 201 comboios foram suprimidos
devido a avarias. apesar dos cortes nos gastos, a empresa garante a segurança
dos passageiros.
«a larga maioria das supressões
verificada nos serviços da cp devem-se aos surtos de greves de que a
empresa tem sido alvo»
, diz a mesma fonte.
os maquinistas da cp estão em greve ao trabalho extraordinário, em dia feriado
e em dia de descanso.
camellos parados
o presidente do smaq contesta os números
avançados pela cp.
«a empresa está a aproveitar o argumento da greve para suprimir
serviços em linhas mais deficitárias»
, garante antónio medeiros.
«aliás, nós até
já suspendemos a greve nas linhas do minho, douro, oeste e algarve, para evitar
que deitem as culpas para cima de nós»
diz.
o smaq acusa ainda a cp de ter feito
«um negócio
ruinoso»
com o aluguer, por
cinco anos, de 17 automotoras espanholas a diesel – apelidadas de
‘camellos’. em 2010, a cp pagou 30
milhões de euros pelas composições com mais de 30 anos.
«basta ir a
contumil e ver que estão lá paradas. são às quatro e cinco de cada vez
imobilizadas devido a avarias. estão lá sempre os mecânicos a tentar
arranjá-las»
, denuncia. a cp diz
que apenas uma das automotoras espanholas está imobilizada por avaria.
as queixas estendem-se à linha de cascais,
uma das mais movimentadas do país. há vários anos que os trabalhadores acusam a
cp de não cuidar do material circulante desta linha. as avarias sucedem-se e a
empresa tem vindo a encurtar a oferta, devido
«também às avarias».
em 2010, a cp decidiu cancelar o concurso público internacional, no
valor de 370 milhões de euros, para a aquisição de 74 novas locomotivas e
carruagens de passageiros para circular nas áreas metropolitanas de lisboa e do
porto e no serviço regional.