Cactos, os guardiães da casa

Os cactos são as plantas ideais para ter em zonas secas e durante a época de pouca chuva, por gostarem de ambientes quentes ou áridos. «E não precisam de muita manutenção», acrescenta Pedro Pulido Valente, do Horto do Campo Grande.

a capacidade de armazenamento de água destas plantas é muito eficiente; a maior parte tem folhas reduzidas ou nem sequer as tem, porque estas perderiam água pela transpiração. por isso, há cactos «que se ‘alimentam’ apenas da humidade do ar».

estas plantas são capazes de terem os espinhos mais venenosos e as flores mais bonitas, no mesmo vaso. todos os cactos florescem, embora algumas espécies só dêem flores após os 80 anos ou atingirem uma altura superior a dois metros. depois da primeira floração, todos os anos, na mesma época, as flores voltam a aparecer. alguns cactos até dão frutos, como o opuntia ficus-indica, conhecido por piteira, e que dá os conhecidos figos-da-índia.

talvez a dualidade agressividade-beleza justifique que cada vez mais pessoas comprem cactos para usar como «plantas ornamentais, tanto no interior como no exterior», afiança pedro pulido valente.

para alexandre saldanha da gama, especialista em feng shui, o melhor é que «fiquem em varandas ou perto de janelas». segundo esta disciplina oriental que estuda o fluir das energias, os cactos são plantas agressivas graças aos seus espinhos que «simbolizam lâminas ou mesmo flechas envenenadas». os espinhos são vistos como energias «chi – cortantes» e, por isso, «não devem ser colocados ao lado do sofá, onde ficariam a meio metro do nosso rosto». para saldanha da gama, para manter cactos em casa deve-se colocá-los em zonas de passagem.

de positivo têm o facto de, quando colocados em varandas ou jardins, transformarem-se numa espécie de barreira natural. «protegem, são guardiães», diz o especialista em feng shui.

pedro pulido valente lembra que há estudos que até atribuem aos cactos a capacidade de «absorver radiações de computadores ou de microondas». actualmente, os maiores elogios a estas plantas suculentas vão para a espécie aloé vera, pelas suas «qualidades terapêuticas e desinfectantes». curioso é que, apesar da sua aparência, esta planta não pertence à família dos cactos (cactaceae), mas sim à dos lírios.

mais de mil espécies

dentro ou fora de casa, importa escolher zonas de boa exposição solar e solos com boa drenagem. «além de não gostarem de muita água, os substratos onde são colocados devem ser uma mistura arenosa, que evite o excesso de água», recomenda o responsável do horto do campo grande.

existem mais de mil espécies e o tamanho é das características que mais variam. podem viver até aos 200 anos e alcançar 20 metros de altura, como o cornegia gigantea, originário dos estados unidos e do méxico. mas também existem espécies minúsculas – o cacto mais pequeno é o blosfeldia liliputana, dos andes bolivianos, com apenas 0,5 centímetros de diâmetro.

para quem prefere este tipo de cactos de pequena dimensão, como os micro-cactos vendidos nos supermercados, alexandre saldanha da gama diz que podem ficar dentro de casa, mas sugere que sejam colocados dentro de um aquário vazio. além de ser uma forma de decoração original, «o vidro cria uma barreira que anula a energia agressiva que os espinhos transmitem».

joana.andrade@sol.pt