Crise síria arrasta confrontos entre sunitas e alauitas ao Líbano

O palco principal continua a ser a cidade de Alepo, no norte da Síria, mas a guerra que opõe as forças do governo de Bashar al-Assad aos rebeldes do Exército Livre da Síria já chegou ao Líbano. Ontem, terça-feira, pelos menos duas pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas em confrontos entre muçulmanos sunitas…

de acordo com a cadeia televisiva do qatar, al-jazeera, o ataque foi desencadeado por um homem armado, afecto à maioria sunita do distrito de baba al-tabbaneh, que abriu fogo com armas e granadas contra os rivais alauitas de jebel mohsen. os confrontos começaram na segunda-feira ter-se-ão arrastado até ao dia de ontem, não obstante a intervenção das tropas libanesas.

entre os feridos, asseguram médicos e residentes, contam-se 6 militares e mais de 50 civis.

o episódio do último dia vem substanciar a ideia de que a guerra que se trava na síria desde março do ano passado se prende mais com as complexas divergências religiosas do que com divergências de cariz político e social. e quanto mais sectária se torna a violência na síria, mais difícil é impedir que se alastre além-fronteiras.

o certo é que bashar al-assad, da minoria alauita, governa de forma autocrática um país de maioria sunita. e não há olhos para os meios quando o fim é  travar a maioria.

braço-de-ferro por alepo

entretanto prossegue a batalha por alepo, a maior cidade síria sem descanso à mais de um mês. entre bombardeamentos e confrontos directos, tanto os rebeldes como as forças do regime reivindicam sucessivas vitórias no terreno.

por um lado, o exército livre da síria afirma controlar perto de dois terços da cidade. «neste momento controlamos mais de 60 por cento e a cada dia que passa vencemos em novos distritos», garantiu abdel jabbar al-okaidi, coronel dissidente. por outro, fonte das forças de segurança de damasco assegura, em declarações à al-jazeera, que «os terroristas» têm a ilusão de estar a ganhar terreno porque «ocasionalmente saem dos distritos que estão sob o seu controlo e atacam outros para poderem afirmar que controlam esta e aquela rua».

para as forças do governo, «é o exército quem está a progredir». alheios a estas disputas estão as vítimas dos ataques dos últimos dias. só ontem nas várias cidades sírias morreram 198 pessoas, segundo dados do observatório sírio para os direitos humanos. só em alepo, foram 24 mortes, onde se incluem mulheres e crianças.

rita.dinis@sol.pt