a parte do empreendimento com bungalows mantém-se activa, mas a asae ordenou a suspensão da actividade do parque de campismo, dos desportos radicais, do parque infantil e do campo de férias. «umas 20 ou 30 pessoas tiveram de sair da zona de campismo e ir para a parte de bungalows; esses campistas estavam numa zona que não estava incluída no projecto» – explicou ao sol o administrador, manuel brites, de 54 anos. no complexo estão perto de 500 turistas.
apesar de tudo, o responsável ficou satisfeito com a reunião que decorreu no empreendimento e que, além de antónio nunes, envolveu a câmara municipal de alcobaça. «fiquei contente quando vi o presidente da asae. eu queria que viesse alguém de lisboa e não da delegação de santarém», confessou ao sol o empresário que se tem queixado de «perseguição».
manuel brites contou ao sol que, nos últimos dois anos, o empreendimento, localizado em pataias, foi inspeccionado «por 321 fiscais, em 10 ou 12 acções conjuntas da asae com o sef». «por que é que a asae não fez a fiscalização em maio, de forma pedagógica e não em plena época alta?» – questiona. apesar das acusações de perseguição, o empresário admite haver falhas no parque – falhas essas que, garante, sempre teve intenção de corrigir.
pó, insectos mortos e plano de emergência inexistente
na segunda-feira da semana passada (que era a data limite para a saída dos turistas), manuel brites mostrou ao sol o documento da asae onde são apontadas as irregularidades observadas na de fiscalização de 31 de julho. os inspectores constataram que um dos bungalows tinha pó, insectos rastejantes mortos e resíduos no chão. além disso, não lhes foi apresentado nem plano de emergência, nem projecto de instalação eléctrica, nem lista dos utentes.
outra das infracções notadas foi o facto de o complexo ter admitido autocaravanas sem que dispusesse de estação de serviço que possibilitasse o escoamento de águas residuais e o esvaziamento do wc. a asae observou ainda que a piscina não tinha vedação e que o armazenamento de produtos químicos para o tratamento da água da piscina estava na casa das máquinas, sem chave na porta e com uma janela destrancada, junto a um parque infantil.
o complexo, por onde passam seis mil turistas por ano, na maioria franceses e alemães, foi inaugurado em 2005. mas ainda não possui licença de utilização. ao sol, o vereador hermínio rodrigues, da autarquia de alcobaça, esclareceu que o projecto de arquitectura do empreendimento está aprovado e que o que está em falta são os projectos de especialidade. «houve atrasos por parte do promotor», explica. «após a entrega dos documentos em falta, a câmara irá emitir a licença», refere. hoje mesmo, sexta-feira, está a decorrer naquele empreendimento uma vistoria relativa ao projecto de segurança contra incêndios.
em declarações ao sol, o presidente do turismo do oeste, antónio carneiro, indica que o fecho do land’s hause seria «injusto e imoral», tendo em conta tratar-se de um espaço que dinamiza a economia local. «é uma oferta única no país e deve ser acarinhado porque a empresa tem um contrato com operadores franceses para todo o ano e não só na época alta», diz.
o sol questionou a asae sobre o número de empreendimentos turísticos fiscalizados este ano e as maiores infracções detectadas, mas não obteve resposta.
o caso do land’s hause veio chamar a atenção para as questões de segurança dos parques de campismo. para a asprocivil (associação portuguesa de técnicos de segurança e protecção civil), «há parques em que a situação é tão grave que são autênticas armadilhas». «nunca tivemos problemas de maior porque deus deve estar a olhar por nós», ironiza o presidente da associação, ricardo ribeiro, em declarações ao sol.
fiscalização insuficiente, ausência de limpeza da área circundante, problemas de acessibilidade de meios de socorro, existência de materiais vulneráveis a incêndios são alguns problemas apontados pela asprocivil. «a primeira responsabilidade é de quem gere os parques, mas as câmaras também têm», sublinha ricardo ribeiro.
segundo o turismo de portugal, em 2010 estavam em funcionamento 227 parques (64,2% no norte e centro) e registaram-se 6,5 milhões de dormidas nestes espaços. do estrangeiro, espanhóis e franceses são quem mais procura este tipo de oferta.