Poupar sobre carris

O ministro dos Transportes de Angola revelou esta semana o investimento envolvido na modernização da linha de caminho-de-ferro de Moçâmedes.

a verba em causa – 3,3 mil milhões de dólares – impõe respeito, mesmo quando sabemos que inclui não só melhorias na linha, como também a aquisição de material circulante e a modernização de estações. o investimento na ferrovia é, por definição, pesado – e isto ocorre em qualquer lugar do mundo. mas os ganhos na existência de um sistema ferroviário moderno, eficiente e abrangente compensam largamente o custo que lhe está associado. por isso, em poucos anos se recupera o dinheiro gasto.

a linha de moçâmedes é apenas uma das que estão a ser alvo de fortes investimentos por parte do estado angolano. no seu conjunto, os investimentos superam largamente o que está envolvido neste caso, mas é seguro afirmar-se que o dinheiro é bem empregado. e as razões são várias. o transporte – de passageiros e mercadorias – por ferrovia quase só tem vantagens face à alternativa rodoviária. é mais económico, porque evita a circulação de centenas de automóveis ou camiões nas estradas – reduzindo assim as emissões poluentes e, sobretudo, a sinistralidade, que em angola, como sabemos, é um problema grave.

as tarifas praticadas no transporte ferroviário são, por isso, geralmente, mais baixas do que as da rodovia. ganham as empresas, que pagam menos para fazer transportar as suas mercadorias; ganham os passageiros, que chegam com menores custos aos seus destinos; e ganha o país, que se torna menos poluído e ganha eficiência num sector fundamental. por isso, todo o dinheiro gasto neste sector, por muito que pareça, é pouco. os benefícios a longo prazo compensam largamente o custo.

tal não significa que não se deva apostar na modernização da rodovia e na construção de novas estradas. a via rodoviária tem uma forte vantagem: é capilar, ou seja, vai onde o comboio não chega. daí que deva haver – como está previsto – integração entre os investimentos nas duas componentes. o mesmo se aplica aos portos e aeroportos, que devem estar ligados a estradas, mas sem dúvida a linhas ferroviárias modernas e rápidas. a importância dos custos dos transportes são muitas vezes negligenciados pelas populações e pelos empresários. mas um sistema de transportes integrado – multimodal, como se diz no ‘jargão’ do sector – vale milhões. os países mais desenvolvidos do mundo já o perceberam. angola está claramente no mesmo caminho.