Para o secretário-geral da Deco, a medida prejudica os clientes. «Todas as medidas tomadas pelos comerciantes para restringir este tipo de pagamentos não vêm num bom sentido para os consumidores, porque estes vão passar a ter de transportar mais dinheiro. Portanto, em termos de segurança e de comodidade, não são medidas boas para os consumidores», afirmou Jorge Morgado.
Pedro Quelhas Brito, professor da faculdade de Economia do Porto, também considera que «tudo o que seja alterar aquilo a que as pessoas estão habituadas e que representa uma comodidade, não é uma boa notícia, quer seja ter de pagar um saco de plástico ou ter de levantar ou levar dinheiro para pagar as compras em vez de pagar confortavelmente com cartão». Ainda assim, e apontando o «risco» desta opção do Pingo Doce, acredita que a cadeia não será afectada. Tudo dependerá da forma como comunicar os benefícios desta medida aos clientes, lembra o também autor de um livro sobre vendas e comunicação de preços.
Já José António Rousseau, consultor especializado em retalho, afirma ao SOL que «o consumidor não vai contestar esta situação, por exemplo, como se poderia até pensar, deixando de ir às lojas do Pingo Doce ou substituindo-as por outras insígnias».
O também presidente do recém-criado Fórum do Consumo admite que o benefício desta medida – a empresa indicou que poupará mais de 5 milhões de euros por ano em taxas pagas pelas operações com cartões de pagamento – pode não ser imediatamente reconhecido pelos compradores. Mas acaba por tornar-se «ultrapassável» como aconteceu quando os sacos de plástico passaram a ser pagos.
Para José António Rousseau, que foi director-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, esta decisão do Pingo Doce poderá ainda aumentar as compras por impulso e assim contribuir para as vendas do grupo.
«Esse é um efeito benéfico para o Pingo Doce e esta medida também terá esse objectivo: aumentar a cesta média», analisa Rousseau. «Se o consumidor vir que tem margem para pagar com o cartão, não hesitará em comprar mais um, dois ou três produtos para aumentar a fasquia dos 20 euros», continua.
Na opinião do consultor, o Pingo Doce não perderá notoriedade com esta opção, podendo até vir a ser seguido por outras cadeias, alimentares e não-alimentares.
Depois de conhecida a posição da Jerónimo Martins, que entrará em vigor a 1 de Setembro, também a Auchan, dona do Pão de Açúcar e Jumbo assumiu que a prazo poderia avançar pelo mesmo caminho.