de agustina a almeida faria, passando por inês pedrosa e miguel real, foram muitos os escritores que, nos últimos 25 anos, acompanharam o centro nacional de cultura (cnc) nas suas viagens no âmbito do ciclo ‘os portugueses ao encontro da sua história’, que passaram pela índia, japão, macau, marrocos, indonésia e timor, em busca dos vestígios deixados pelos portugueses pelo mundo. com os escritores embarcaram artistas plásticos como graça morais, júlio pomar, joão queiroz e adriana molder, que ilustraram a prosa em diários de viagem.
este ano, porém, há apenas um artista convidado para se juntar à viagem do cnc, rumo ao brasil: nuno saraiva, que irá fazer uma banda desenhada, inaugurando um novo tipo de registo.
a ideia, explica ao sol guilherme d’oliveira martins, presidente do cnc, é apelar, também, a um público mais jovem. «este projecto tem de ser actual e ter repercussões nos cidadãos das várias idades». a banda desenhada preenche os requisitos. «já demos várias voltas ao mundo. no ano passado estivemos nas molucas, antes no japão, depois no golfo pérsico. desta vez vamos ao ‘barroco brasileiro’. com uma particularidade: levamos o nuno saraiva. pretendemos dar uma ênfase especial à banda desenhada». para oliveira martins, que lembra que este é o ano de portugal no brasil, esta é, também, uma boa oportunidade para projectar a bd portuguesa no lado de lá do atlântico.
como conta ao sol nuno saraiva, o convite foi-lhe lançado no ano passado, no âmbito da viagem feita pelo cnc ao índico. «fiquei entusiasmado mas tive de recusar, por causa do nascimento da minha filha. foi pena. em criança era fã do sandokan. recusei, convencido de que não me voltariam a convidar. mas este ano aceitei logo».
o percurso não poderia ter vindo mais a calhar: o ilustrador, que se revela muito entusiasmado com o convite – até porque foi apenas uma vez ao brasil, ao recife –, está a fazer um trabalho sobre as várias teorias acerca da origem do fado. uma delas situa-a no brasil, no período barroco. nuno saraiva aproveitará, assim, para fazer também investigação para o seu trabalho.
quanto à bd, pouco pode avançar, pois ainda não tem um projecto específico. «o guião da banda desenhada é quase como que um guião para um filme ou uma peça de teatro. tudo depende das capacidades narrativas do argumentista. é diferente de um relato de viagens. a bd tem de ser mais absorvente».
com textos a cargo do cnc, supervisionados por uma equipa de jovens historiadores, certo é que passará pelos mesmos caminhos que o grupo irá trilhar. com o tema ‘brasil barroco, brasil de sempre’ e orientação de maria calado, entre 1 e 13 de setembro os viajantes passarão por locais dos estados de minas gerais e rio de janeiro. belo horizonte e o seu complexo da pampulha, projectado por oscar niemeyer, diamantina, ouro preto e tiradentes são locais a visitar durante a viagem que terminará, depois de uma passagem por petrópolis, no rio, onde se visitará a academia brasileira de letras e o real gabinete português de leitura.
uma família de professores
também promovida pelo cnc, em colaboração com o centro cultural de belém, avança guilherme d’oliveira martins, será a homenagem a antónio josé saraiva, por ocasião do 20.º aniversário da sua morte (17 de março de 1993). «terá lugar no ccb e coincidirá, também, com a exposição uma família de professores», revela o presidente do cnc.
«a exposição é mais ampla que a homenagem ao professor antónio josé saraiva. o professor é o mote, mas vamos falar, com o apoio do ministério da educação, de uma família», diz oliveira martins, dando como exemplos josé hermano saraiva, também professor, e josé leonardo venâncio saraiva, pai de ambos, e também professor. apesar de a data ainda não estar definida, o presidente do cnc espera que seja logo no início de 2013.