«sendo positivos e nunca perdendo a esperança. isso é uma coisa que a maior parte dos islandeses faz: nunca perde a esperança e trabalha. é preciso trabalhar para ultrapassar as dificuldades e seguir em frente. se não encontrarmos um trabalho, não podemos perder a esperança e devemos continuar à procura», salienta, à agência lusa, eddi eggert, morador em keflavic.
a islândia tem 320 mil habitantes. keflavic é uma vila piscatória com uma população de 14 mil residentes, situada na zona sudoeste da ilha, a cerca de 40 quilómetros da capital, reiquejavique.
o ordenado mínimo do país é de 1.300 euros. a título de exemplo, uma cerveja chega a custar três euros. apesar de o custo de vida ser superior ao de portugal, os preços dos combustíveis é inferior: cerca de menos vinte cêntimos no gasóleo e de três cêntimos na gasolina.
o preço de um litro de gasóleo – convertendo coroa islandesa para euros – ronda os 1,69 euros e da gasolina 1,68 euros. à semelhança de portugal, os preços praticados são muito idênticos em postos de abastecimento de marcas diferentes.
«a situação neste momento é boa. sou bombeiro e sinto que estamos a voltar da crise gradualmente. vejo nas pessoas e nas notícias de que há uma recuperação. na islândia o primeiro impacto foi duro. mas penso que para todos os países a chave é nunca perder a esperança e cuidarem das famílias. se o fizerem, certamente que vão conseguir seguir em frente como nós», aconselha eddi eggert.
em 2008, os três principais bancos islandeses, landbanki, kapthing e glitnir, entraram em colapso e foram nacionalizados. a coroa islandesa perdeu 85% do seu valor face ao euro. no final do ano, a islândia entrou em falência. a grave crise financeira levou à queda do governo, liderado pelo ex primeiro-ministro geir haarde, que está a ser julgado por negligência na gestão da crise.
quando questionado se estas medidas, diferentes de todas aquelas que têm sido tomadas por países em dificuldades, eddi eggert prefere dizer que «foram pequenas coisas» e «pequenos passos» que ajudaram a ultrapassar os maus momentos vividos nos últimos três anos.
contudo, a opinião de que a recuperação na islândia está no bom caminho não é consensual.
«neste momento está mau, mesmo que o governo [islandês] diga que está melhor. não penso que esteja melhor. na zona sudoeste, principalmente, o desemprego é muito elevado. atinge os oito, nove por cento. a taxa de desemprego em toda a islândia, não sei realmente, mas deve rondar os mesmos valores. mas pode ser mais, pois os governantes nunca dizem os números reais», contrapõe eyglo jens.
para eyglo jens, é «muito triste» ter de olhar para países, como portugal, espanha ou grécia, que se estão «a afundar cada» e onde não há trabalho.
«espero que todos recuperem rapidamente, porque precisam. os países deviam trabalhar todos em conjunto e respeitar-se mutuamente. essa é a coisa mais importante: os países não respeitam e não se respeitam entre si», lamenta.
quem parece estar indiferente à crise são os mais novos.
«acho que os jovens não pensam tanto na crise como os mais velhos. porque eles têm trabalho e trabalham ao fim de semana com a escola. por isso, está tudo bem comigo e com os meus amigos», explica bnyandis stefunsd, 19 anos, numa manhã de chuva em keflavic.
lusa/sol