Michelle Obama lembra ‘sonho americano’

A Convenção Democrata que vai oficializar a candidatura de Barack Obama às eleições de Novembro arrancou ontem em Charlotte, Carolina do Norte. Com o candidato em casa, a assistir pela televisão, as atenções voltaram-se para o mais popular dos membros da família presidencial: a primeira-dama Michelle.

as expectativas sobre o discurso que encerrou o primeiro dia da convenção nacional do partido democrata eram elevadas, já que michelle obama subiu ao palco precisamente uma semana depois de ann romney ter brilhado em frente aos republicanos. deixando a política e a economia para os maridos, o objectivo das duas mulheres era claro e sincero: humanizar os candidatos e elevar o seu carácter.

nesse campo, michelle obama partiu com uma certa vantagem. «o barack sabe o que é viver numa família que passa dificuldades; sabe o que é querer dar mais aos filhos e netos e não conseguir», lembrou a primeira-dama, exortando as origens humildes do marido.

sem nunca dizer o nome de mitt romney, a comparação com a vida afortunada do candidato republicano era evidente e dava mais e mais argumentos a michelle obama.

«ele [barack] sabe o que é o ‘american dream’ (sonho americano) porque o viveu», e portanto, continuou a primeira-dama, «quer que todos tenham a mesma oportunidade de o viver, independentemente de onde vêm, de quem amam, ou da sua aparência». para obama, «o sucesso não tem a ver com a quantidade de dinheiro amealhado, mas com a possibilidade de mudar a vida das pessoas».

a defesa das minorias e a constante aproximação dos valores humanos do presidente ao dia-a-dia da classe média foram alguns dos trunfos do discurso que encerrou o primeiro dia de trabalhos.

enquanto ann romney apresentou o candidato republicano fora da política – como homem, marido e pai – o repetente obama dispensava apresentações.

michelle teve por isso de passar para o segundo nível: começar por elevar o carácter do homem que nasceu pobre e que hoje ocupa a casa branca, enaltecer o facto de esse carácter não ter sofrido transformações após quatro anos na cadeira mais desejada dos eua, e terminar com a lembrança das suas conquistas.

a audiência acolheu o discurso com entusiasmo: «mais quatro anos! mais quatro anos!», foi a frase que mais vezes ecoou na time warner cable arena. e obama foi peremptória na resposta: «sim, mas só com a vossa ajuda».

rita.dinis@sol.pt