daí aos tablóides foi um passinho. a atenção dada ao rabo real foi tanta que o próprio rupert murdoch (agora é que já vimos tudo) pediu que deixassem o rapaz em paz. até os especialistas se queixam da atitude de harry, esquecendo que faz parte da juventude de um príncipe com amigos multimilionários. é desagradável quando os próprios observadores da vida da jovem realeza são tão moralistas quanto o público comum. espero que harry continue excessivo e que a imprensa amarela cresça e apareça. ah, e demitam os seguranças.
madeira
segundo um estudo realizado na university college london, os seres humanos nascem com o sentido da injustiça. os investigadores chegaram a esta conclusão numa experiência em que participaram 21 pessoas. primeiro deixaram os participantes horas sem beber nada. depois ofereceram um copo com menos de um décimo da água que anunciavam dar aos restantes companheiros. podiam aceitar ou recusar a oferta. perante a diferença de quantidade, e apesar da sede, preferiram recusar o copo com tão pouca água. ao contrário dos primatas, que aceitam qualquer oferta, os seres humanos preferem não beber nada a aceitar uma parte consideravelmente menor do que lhes corresponderia. o estudo deve ser mais complexo do que o relatado no telegraph. caso contrário, a conclusão seria diferente. não é que tenhamos um sentido inato da injustiça: só não aceitamos ser mais maltratados do que o próximo sem nenhuma razão. já chegámos à madeira?
entretanto, no togo
chegam notícias do togo sobre uma greve de sexo. um grupo de mulheres, inspiradas pelo movimento feminino que conseguiu a paz na libéria em 2003, pretende assim chamar a atenção dos homens para a necessidade da destituição do presidente faure gnassingbe. abla tamekloe, uma das organizadoras da greve, afirmou que a altura é perfeita, pois os filhos estão presos e com esta greve serão postos novamente em liberdade. quem achou menos graça à campanha foi o líder da oposição que disse que uma semana era muito tempo. dois dias seria muito melhor. o clima de galhofa togolesa prevê o melhor desfecho para a questão, revelando mais uma vez a frescura da lisístrata de aristófanes. há países cujas mulheres recorrem à greve de sexo para conseguir a paz… nunca aristófanes imaginou que a sua ideia se manteria até ao século xxi. parafraseando gabriel celaya, «o sexo é uma arma carregada de futuro».
dizem que é são
anders breivik matou 77 pessoas, em nome de tantos ideais que entretanto me perdi. não faria à mesma sentido que tivesse cometido os crimes com base numa ideia muito coerente acerca dos seus planos para o mundo, mas assim parece uma figura ainda mais patética. burro ou não, foi declarado ‘são’ e condenado a 21 anos de prisão. era importante considerar breivik responsável pelos seus actos para o poder condenar à pena máxima. há, contudo, nesta divisão entre são e doente, responsável e inimputável, uma falha que provem da incapacidade do sistema de lidar com a maldade. breivik sabia o que estava a fazer e é uma criatura doente. é, portanto, responsável pelos seus actos e ao mesmo tempo um doido varrido. consciente e maluquinho, pensante e anormal. nada disto é incompatível. não ser inimputável só significa que sabia o que estava a fazer. mas há algo que breivik não é: são. quem é são não planeia a morte de inocentes.
iniciativa privada
«após três anos de convivência sob o mesmo tecto, duas mulheres e um homem optaram por regularizar a situação matrimonial e estabelecer, em cartório, as mesmas regras atribuídas ao casamento». é uma notícia do estado de são paulo. aconteceu em tupã e foi anunciada como uma escritura pública de união poliafectiva. parece que no código civil brasileiro a única condição para legalizar um casamento é os cônjuges não serem casados com terceiros. admito que não sei como os mórmones legalizam os seus casamentos poligâmicos. só sei que esta é a primeira vez que acontece no brasil e não causou escândalo. o contrato está bem feitinho. uma pessoa será a administradora dos bens e todos são obrigados ao dever de lealdade, à manutenção da harmonia na convivência e a prestar assistência emocional e material para o bem-estar comum. só me resta desejar as maiores felicidades aos associados na esperança de a empresa não acabar na falência.