A viagem de Chrysta Bell chega amanhã ao Lux

Produzido em parceria com o realizador David Lynch, Christa Bell apresenta em Lisboa o álbum de estreia, This Train.

chrysta bell podia bem ser a morena que corre por mulholland drive ou que se entrega em descobertas sexuais em blue velvet. quando sobe ao palco, etérea e sexualizada, de stilettos e lingerie, traz consigo os filmes de david lynch, ou não fosse ele que assina as 11 faixas do álbum de estreia da cantora, this train, que se estreia nos palcos portugueses a 7 de setembro, no lux.

é impossível não pensar em lana del rey. mas chrysta é mais madura. é o arquétipo da femme fatale. talvez até mais perversa. as suas canções, como a faixa que dá nome ao álbum, com mais de sete minutos, não têm pressa. são uma viagem por ambientes etéreos, universos quase assombrados. um convite para entrar nos sonhos de lynch, guiados pela voz de chrysta. «chrysta bell parece um sonho e canta como um sonho. mas este sonho está a tornar-se realidade», diz o realizador.

sem filmar desde 2006, lynch dedica-se à descoberta e promoção de vários artistas. depois de lançar o seu próprio álbum, crazy clown time, o registo de chrysta bell é a mais recente aposta.

chrysta bell começou no teatro musical aos 13 anos, no texas, de onde é natural. em 1993 estreou-se como vocalista da banda de swing jazz 8 ½ souvenirs, o que a levou a partilhar o palco com nomes como willie nelson, brian setzer e donovan – e levou lynch a reparar nela pela primeira vez. em paralelo, desenvolveu o projecto black book angel.

a génese de this train, no entanto, recua uma década, quando chrysta visitou lynch pela primeira vez, no seu estúdio em hollywood. nesse mesmo dia escreveram e gravaram a primeira música juntos: ‘right down to you’, a segunda faixa do álbum. «logo nesse primeiro encontro, mal abriu a porta, o david deu-me um grande abraço e eu senti muito amor», recorda a cantora. «a primeira vez que a ouvi cantar achei que ela era uma extraterrestre. a mais bela das extraterrestres», riposta o realizador.

chrysta confessa que desde criança foi influenciada pelo universo lynchiano e pela série twin peaks. «foi o tema do genérico da série que me abriu os olhos para aquilo que a música significava na minha vida. aquela faixa fez-me sentir que a música era algo que estava absolutamente certo dentro de mim».

apesar de, desta parceria, ter saído em 2006, ‘polish poem’, a balada que encerra o último filme de lynch, inland empire; a distância física entre o texas e hollywood ditou que os encontros entre chrysta bell e david lynch fossem mais esporádicos do que ambos desejavam e que fossem necessários dez anos para este álbum de estreia estar concluído.

raquel.carrilho@sol.pt