a despedida foi forçada por juan martín del potro, argentino
que expulsou roddick à quarta ronda do ‘seu’ torneio, nos courts duros que o
viram vencer, então com apenas 21 anos, o seu único título do grand slam, entre
outras quatro finais que ainda disputaria. ao todo, junta 32 conquistas.
as lesões obrigaram o norte-americano a parar, sinais de um
corpo que, aos 30 anos, sucumbiu ao poderio e agressividade que incutia no seu
jogo.
o melhor exemplo caía no seu serviço: assente num movimento
rápido e curto, roddick facilmente ultrapassava os 200 km/h, uma qualidade que
lhe permitiu conseguir mais de 2 mil ases ao longo da sua carreira.
a mesma força empurrava as suas pancadas em top-spin – efeito a cortar a bola, de
baixo para cima -, e nas bolas longas, que enviava desde o fundo do court. a potência marcava o seu jogo, mas também o
enfraquecia. o norte-americano sempre confiou em demasia na sua direita, e
nunca resolveu o ponto fraco que todos viam nas suas pancadas de esquerda.
porém, em 2003, conseguiu atingir a liderança do ranking
mundial da associação de ténis profissional (atp), no mesmo ano em que venceu o
us open. por lá ficaria quatro meses, até ser destronado por uma das figuras
com quem dividiu uma geração, o suíço roger federer. a outra não demoraria a
aparecer e a dificultar-lhe ainda mais a vida – rafael nadal.
e foi o suíço que impediu roddick de vencer todas as outras
quatro finais de torneios grand slam que disputou – em 2004, 2005 e 2009, em
wimbledon, e em 2006, no us open.
em duas dessas mais recentes finais, já o norte-americano
entrara na sua fase de lesões e problemas físicos. a descida no ranking foi inevitável. mas manteve-se no top-ten até julho de 2011, e à entrada para
o torneio do qual ontem saiu, já era apenas o 20.º classificado. foi derrotado
por juan martín del potro em quatro sets
– 6-7 (1), 7-6 (4), 6-2 e 6-4.
poucos segundos demorou a soltar lágrimas, logo após o
último ponto que perderia na carreira. nem o boné, com a pala virada à frente,
a sua imagem de sempre, escondeu a emoção da despedida, e que lhe engoliria,
por momentos, as palavras. «pela primeira vez na carreira, não sei o que
dizer», confessou, quando o microfone lhe chegou às mãos em pleno court, e sob
uma ovação de pé dos milhares de norte-americanos que assistiam nas bancadas.
em suma, perdeu-se «o último grande jogador
norte-americano». a opinião pertence a pete sampras, seu conterrâneo, um dos
melhores de sempre, vencedor de 14 grand slams e um dos primeiros que o new york times falou na ressaca da
despedida de andy roddick.
para trás ficam mais de 600 vitórias em partidas de singles e uma vitória na taça davis – a
mais importante prova entre selecções -, em 2007.
andy roddick despede-se, deixando para trás um buraco que o
ténis norte-americano há muito não via. a-rod (a sua alcunha) foi o último
tenista do país a ocupar a primeira posição do ranking atp, e a sua reforma
abre ainda mais o buraco de talento onde hoje os eua encontram poucos nomes que
o possam conseguir tapar.
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