A ‘revolução’ dos brancos no Douro

Em terra de vinho do Porto e de tintos, Alves de Sousa cometeu uma ‘heresia’. Apostou muito forte nos brancos, ganhou adeptos por todo o mundo e a sua ‘revolução’ vingou.

domingos alves de sousa tomou duas decisões na vida das quais, de certeza, não está arrependido. a primeira, e a mais significativa, foi a que levou este engenheiro civil a decidir abandonar a sua profissão para se dedicar, em exclusivo, à exploração das quintas que lhe couberam por herança. a segunda, foi dar um novo rumo à estratégia até então delineada pelo seu pai, que era fornecer grandes vinhos do porto a algumas das mais importantes companhias exportadoras, passando ele próprio a ser produtor-engarrafador e abandonando o vinho fino para se dedicar aos vinhos do douro, tintos e brancos. no que se refere aos brancos, não andaremos longe da verdade se afirmarmos que se deve a alves de sousa uma ‘revolução’, aposta que hoje tem vários seguidores. na terra do porto e de vinhos tintos vigorosos, a primeira colheita a sair das suas quintas, em 1992, foi um vinho branco do douro, o quinta do vale da raposa. o que parecia uma ‘heresia’ revelou-se, afinal, uma grande aposta coroada de sucesso, erguendo, de novo, o nome dos vinhos brancos na região.

hoje, deixamos aqui três brancos que são a prova da qualidade dos vinhos de alves de sousa, cuja fama já passou fronteiras, fazendo com que sete em cada dez garrafas sejam hoje exportadas para cerca de 20 países, com o canadá e o brasil na dianteira.

começamos pelo alves de sousa reserva pessoal branco 2005, que estagiou 12 meses em barricas novas de carvalho francês e mais 12 meses (no mínimo) em garrafa. de cor dourada, com aromas florais, revela-se seco na boca e tem um final muito longo. a evolução em garrafa varia entre os 8 e os 10 anos. tem um teor alcoólico de 12,5% e deve ser decantado uma hora antes de servir. a não perder.

segue-se o branco da gaivosa reserva 2007 com estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês. de cor amarelo palha, tem aroma floral e grande mineralidade. a madeira surge muito subtil. com um teor alcoólico de 12,67% é um vinho com grande aptidão gastronómica.

finalmente, aparece-nos o branco da gaivosa 2011 que pode evoluir em garrafa entre 5-7 anos. tem cor amarelo palha, notas florais e muita fruta fresca. termina muito longo na boca. o teor alcoólico é de 13%.

jmoroso@netcabo.pt