o alerta soara em luxemburgo: a selecção adormecera perante um adversário mais fraco. impunha-se que o eco chegasse a braga, e terá sido esse eco que vibrou entre os jogadores, que nos primeiros 20 minutos mostraram tudo o que tinha ficado escondido no encontro de sexta-feira, onde os tímidos elogios só se justificaram resultado, o 2-1 que deu uma vitória na partida inaugural da qualificação para o mundial de 2014.
esta terça-feira, a selecção foi diferente. distinta do que fora no luxemburgo, mas igual à imagem que costuma apresentar e cumpridora das exigências que terão chegado pela voz de paulo bento, o seleccionador nacional criticara a postura da equipa no primeiro jogo.
esses 20 minutos mostraram muito: os portugueses agressivos na procura da bola, a muito correrem para pressionar o adversário, e a tentarem fazer rápido o que no luxemburgo tornaram lento e previsível – as trocas de bola.
assim que a bola chegava aos médios portugueses, saia dos seus pés com maior velocidade, à procura dos extremos ou de hélder postiga, o avançado que aos 18 minutos rematou à barra da baliza azeri, após uma troca de passes, ao primeiro toque e, claro, rápida, entre joão pereira e cristiano ronaldo. à meia hora, não acertou na baliza e cabeceou a bola ao lado do poste.
foi o primeiro exemplo de uma das rápidas jogadas de portugal. as outras não tinham chegado muitas vezes perto da baliza, mas fizeram o suficiente para mostrar que a selecção queria fazer as coisas rápido e bem. os passes procuravam-se quase sempre para a frente, no ataque vertical. quando rápidas as trocas de bola, mais rápido se cansam os adversários e se obriga a estes saírem das suas posições, abrindo espaços na defesa.
e esses espaços, iam sendo mais frequentes: raúl meireles, primeiro, e joão moutinho, depois, exploraram-nos de fora de área, mas os seus remates foram defendidos para canto pelo guarda-redes adversário.
num outro remate do médio do fc porto, um ressalto levou a bola a embater pela segunda vez na barra. no ressalto, esta encaminhava-se para postiga, em quem a carga de dois azeris, despreocupados com a bola, o impediram de rematar. não houve grande penalidade.
os azeris mal passavam do meio campo, até aqui a pressão dos portugueses era imediata, com pepe e bruno alves a fecharem o cerco ao homem em quem os jogadores do azerbeijão enviavam a bola, para a frente, assim que a recuperavam atrás.
a selecção foi abrandando o ritmo até ao intervalo, pois, no meio, só joão moutinho conseguiu manter a velocidade de reacção e movimentos para combinar com ronaldo, nani ou postiga, na frente. já em cima do intervalo, hélder postiga rematou a sua segunda bola aos ferros, desta feita ao poste.
a hora de sobrevivência
a pausa nada mudou. o início da segunda fortaleceu as investidas da selecção, e logo no primeiro minuto, bruno alves cabeceou uma bola vinda de um canto de miguel veloso, que o guarda-redes defendeu – talvez a melhor defesa da noite.
depois, foram cinco as tentativas que quase resultaram em golo, todas elas vindas dos pés, ou cabeça, de cristiano ronaldo. pelo meio, o capitão português enviou a bola pela quarta vez aos postes da baliza adversária.
aos 62 minutos, após mais de uma hora de tentativas, portugal marcou. nem um minuto passara desde que paulo bento trocara miguel veloso por silvestre varela. o objectivo era dar ainda mais velocidade ao jogo português, principalmente pelas alas, para alargar o bloco que o azerbeijão montava em frente à sua área.
e foi a velocidade do extremo do fc porto que chegou primeiro à bola, já dentro da área, que vinha de um ressaldo no guarda-redes.
essa bola deu o primeiro golo, e, tal como fizera frente à dinamarca, no europeu, foi de varela o remate mais importante da partida.
até ao fim foram mais remates, mais oportunidades e mais defesas do guardião azeri. tudo um pouco mais lento e frenético, o cansaço assim o ditou. até houve mais uma bola ao poste – a quinta -, quando ronaldo tentou dar um golo a fábio coentrão.
e a hora de postiga e bruno alves
a seis minutos do fim, a errância pelos postes afastou-se e hélder postiga conseguiu marcar o seu 22.º golo pela selecção.
um cruzamento da direita foi cabeceado por ronaldo, não em busca do golo, mas sim do avançado do saragoça, cuja rápida reacção lhe permitiu rematá-la para o fundo da baliza.
já com o que se tinha passado na jogada em que coentrão falhou o golo, ronaldo voltou a preferir assistir um colega do que, ele próprio tentar um golo. altruísmo primeiro desperdiçado, mas depois concretizado.
dois minutos volvidos, e à terceira tentativa, bruno alves enviou de cabeça uma bola cruzada por joão moutinho para a baliza. ponto final na resistência azeri.
o encontro terminou, com os três golos a parecerem insuficientes para demonstrarem, em números, a superioridade que, no relvado, nunca fugiu aos portugueses.
éder ainda se estreou pela selecção nacional, e esteve num jogo em que a equipa mostrou, em abundância, a garra e agressividade que faltou no luxemburgo, e ainda a ineficácia para finalizar as oportunidades de golo criadas. algo que, contudo, por demasiadas vezes se aponta à selecção portuguesa.
positivo
a mudança de atitude: selecção mostrou o que tanto faltara em luxemburgo – agressividade para recuperar a bola, rapidez no ataque e vontade em resolver cedo a partida.
oportunidades criadas: foram mais de 20 remates à baliza azeri, embora a pontaria tenha enviado cinco deles aos postes.
karam agayev: o único nome do azerbeijão que os portugueses poderão recordar. o guarda-redes evitou que a vitória portuguesa assentasse num maior número de golos.
silvestre varela – um minuto em campo para marcar um golo, um remate vitorioso que embalou a equipa para mais outros dois. a arma secreta da selecção nacional.
negativo
desperdício: tantas oportunidades de golo não podem ser desperdiçadas por uma equipa que atingiu as meias-finais de um europeu.
(artigo actualizada às 22h15.)