Centro vence na Holanda, Europa sai a ganhar

A Holanda foi a votos mas mostrou-se indecisa. Os resultados provisórios apontam para uma vitória à tangente do Partido Liberal (VVD, na sigla holandesa) actualmente no Governo, que aparece imediatamente seguido pelo Partido Trabalhista. Para um governar, será preciso o outro.

com 98 por cento dos votos contabilizados nesta manhã de quinta-feira, os resultados dão ao vvd, do actual primeiro-ministro mark rutte, 41 dos 150 assentos parlamentares. apenas mais dois do que o partido trabalhista, do centro-esquerda, que terá conquistado 39 lugares nestas eleições legislativas.

a maior vencedora foi a europa e, ainda que por pouca vantagem, a austeridade. os maiores derrotados: os eurocépticos.

na cauda da contagem  ficaram o anti-islão e anti-europa geert wilders, que se ficou pelos 13 lugares – pouco mais de metade dos 24 conquistados há dois anos – e o partido socialista, de emile roemer, que reuniu algum entusiasmo nas vésperas das eleições devido ao seu discurso contra os ditames da europa, mas que acabou por não passar dos 15 deputados eleitos (o mesmo número das eleições anteriores).

ainda no rescaldo do sufrágio, as previsões são unânimes: a holanda espera uma coligação entre o centro-direita de mark rutte e o centro-esquerda do partido trabalhista, liderado por diederik samsom.

«temos de partir já para o trabalho para assegurar a formação de um governo o mais depressa possível», adiantou rutte. a urgência, diz, prende-se com a necessidade de fazer o país «emergir forte da crise e continuar a reduzir o défice e a fazer a economia crescer».

mas aqui, adivinham-se divergências dentro da provável coligação. empenhados no compromisso europeu, samsom quer «dar a volta ao barco» e abandonar as políticas austeras que aproximam rutte a angela merkel e enveredar por um caminho à la françois hollande.

a separar liberais e trabalhistas está o olhar sobre a crise. de um lado está mark rutte, que convenceu o eleitorado com a sua mensagem pró-austeridade e com o seu discurso contra o reforço das ajudas à grécia e aos países mais endividados. do outro, diederik samsom, que chegou aos 39 assentos parlamentares com um discurso baseado no investimento e não nos cortes como caminho para o crescimento económico e a superação da crise europeia.

rita.dinis@sol.pt