no período de janeiro a julho, foi sobretudo angola o ‘motor’ do crescimento destas trocas, com as vendas de petróleo a portugal a permitirem a duplicação dos ganhos do país africano. as importações de moçambique, por seu turno, desceram ligeiramente face ao mesmo período de 2011, ao contrário das exportações para o país, que subiram.
os palop – e o brasil e timor-leste – e portugal devem apostar no estreitar das suas relações comerciais. a língua comum e as comunidades de cada um destes países que vivem nesta ‘região’ são uma vantagem. e todos devem tirar partido destes factores. algo, contudo, deve mudar em breve – e portugal terá de saber ler esta mudança se quer manter relações privilegiadas com as suas antigas colónias.
a mudança tem que ver com o facto de os palop – angola e moçambique em particular – terem como prioridade combater os desequilíbrios das suas balanças comerciais: tal como portugal, tradicionalmente importam mais do que exportam. ora, os governos destes países estão agora apostados em inverter a situação. em angola, por exemplo, está para breve uma subida das taxas aduaneiras. a medida, que tem merecido fortes críticas de empresários portugueses, faz todo o sentido: angola tem acolhido investimento estrangeiro e quer continuar a recebê-lo. mas, por outro lado, quer ‘forçar’ os investidores – incluindo os nacionais – a importarem menos e a produzirem mais localmente.
fará sentido, por exemplo, que um país como angola importe águas de marca estrangeira de forma maciça? ou fruta? faz, porque, para já, o país não tem capacidade para satisfazer o mercado. mas deixará de fazer quando angola tiver um sistema de engarrafamento ou agrícola mais avançado. e esse dia vai chegar. o mesmo se aplica a inúmeras outras matérias, como materiais de construção. e é esta mensagem que os portugueses que investem em angola, ou moçambique, devem entender: estes países tenderão a privilegiar os investidores que apostem na produção local, em detrimento das importações. quem entender esta política e se adaptar a ela terá em angola ou moçambique bons locais para investir, sobretudo com parceiros locais. quem não entender está a prazo e acabará por ser ultrapassado.