a realidade veio numa confissão do próprio suíço. a
elegância de quem desliza nos courts, os ângulos surreais com que bate as suas
pancadas e a notável impressão que tudo faz sem um esforço aparente. o que esta
imagem, do campeão federer, tem de mais elogiável é o facto de sempre ter atirado para os
olhos de quem o vê a impressão de que os anos não o iam apanhando.
hoje, porém, os 31 anos falam mais alto. «estou lesionado,
cansado, esgotado e preciso de parar e pensar para onde vou», confessou,
honesto, ao desportivo l’équipe.
as palavras chegaram após o suíço perder nos quartos de
final do open dos eua frente a tomas berdych, tenista checo que já o tinha
derrotado por duas vezes em piso rápido: em 2004, nas olimpíadas de atenas, e
em 2010, nos ‘quartos’ de wimbledon. no total, porém, federer tem 11 vitórias
contra apenas cinco de berdych.
físico a ceder, falta de confiança ou até arrogância? este
último aspecto chegou a ser sugerido por kevin mitchell, ao the guardian que condenou as palavras
com que federer reagiu a esta derrota nos eua. «esperava mesmo que conseguisse
jogar melhor. não sei o que se passou, senti-me bem, pensava mesmo que vinha
aqui e jogava uma partida sólida», explicou.
o comentador criticou o que considerou ser uma falta de
respeito pelo checo, que já antes lhe tinha levado a melhor, mas que, também nessas
ocasiões, federer colocou as felicitações ao adversário para segundo plano,
após se lamentar e ir buscar desculpas para as derrotas.
esta foi apenas uma das muitas ideias que se têm escrito
sobre a prestação do suíço neste final de época, num ano em que até conseguiu
recuperar a liderança do ranking atp, ao vencer pela sétima vez na relva de
wimbledon, em julho, e chegando à final do torneio olímpico um mês depois, onde
perdeu para andy murray.
agora, é tempo para uma pausa. mas também é tempo de
decisões.
federer terá que decidir se participará, ou não, na primeira
ronda da taça davis, a única competição que lhe falta conquistar. o torneio
entre selecções tem início em fevereiro, sendo uma das primeiras competições do
calendário competitivo para 2013 e, como lembrou o new york times, o suíço
costuma ausentar-se desta primeira fase da prova.
porém, e face à curta distância que mantém em relação a
novak djokovic, segundo do ranking atp, o suíço pode arriscar-se a perder a
liderança caso opte por não disputar essa primeira ronda com a sua selecção.
ficaremos a aguardar por uma decisão do suíço. ele que já
sabe qual será o seu primeiro adversário, se decidir participar na taça davis:
as curiosidades do sorteio colocaram, de novo, a república checa no caminho, ou
seja, provavelmente tomas berdych.
vale a pena, porque se fala, talvez, do melhor tenista de sempre, relembrar o curriculum de roger federer: a começar pelos recordes, os seus 17 torneios do grand slam conquistados; o total de 296 semanas em que liderou o ranking mundial e um de quatro tenistas a ter conseguido conquistar todos os quatro torneios do grand slam.