até agora, tem sido sobretudo o turismo de negócios quem tem puxado pelo sector. angola, como sabemos, é hoje um ponto de passagem obrigatória de empresários, gestores e quadros dos mais diversos pontos do mundo. por isso, não é difícil, sobretudo em luanda, encontrar hotéis cheios de pessoas das mais diversas nacionalidades, que conferem aos espaços um ambiente cosmopolita que, para muitos estrangeiros que visitam a cidade, é surpreendente e inesperado.
n o chamado turismo de lazer, contudo, a situação é diferente. ele tem crescido, é certo, mas sobretudo ‘à custa’ dos cidadãos angolanos, em particular a classe média-alta que, lenta mas seguramente, vai florescendo no país. e há oferta, quer em luanda, quer em várias províncias, mais ou menos distantes da capital.
também os estrangeiros que se deslocam ao país em negócios aproveitam, por vezes, para ficar mais uns dias e conhecer as praias, as paisagens, a gastronomia e a cultura do país, que tem na população afável uma das suas maiores ‘atracções’ e um argumento de peso para conquistar quem o visita. e há ainda os muitos estrangeiros que habitam no país e que, aos fins-de-semana, rumam aos paraísos mais ou menos conhecidos que existem. mas não há, ainda, um turismo de lazer organizado, vindo do exterior. na europa, não existem ‘pacotes’ turísticos para angola, como existem, por exemplo, para moçambique.
e compreende-se que assim seja. a guerra só terminou há dez anos. de então para cá, a prioridade tem sido a reconstrução das infra-estruturas e, noutro plano, a recuperação da auto-estima de um povo massacrado por décadas de conflitos armados. até há pouco tempo, angola não tinha condições para acolher turistas – não por não ter tudo para os fazer gostar do país, mas porque havia um trabalho interno mais urgente para fazer.
esse trabalho, de resto, continua em curso. mas o ponto de viragem aproxima-se, pelo que, a médio prazo, angola poderá ‘dar cartas’ no turismo em áfrica. existem, claro, constrangimentos – os vistos, o sistema de transportes que tem de ser melhorado, os preços ainda elevados, em média, na restauração e hotelaria. mas o tempo acabará por levar à resolução dos problemas. e nessa altura o país poderá tirar verdadeiramente partido da riqueza turística que tem.