a manifestação já esfriou e a maior parte das pessoas já estão a abandonar o centro de atenas, capital do país. os relatos avançaram que a violência terá sido espoletada por um grupo que não acompanhava o ‘pelotão’ de protesto, esse sim pacífico e ordeiro.
os desacatos terão sido provocados por um grupo de manifestantes vestidos com roupas pretas, que exibiam lenços na cara e erguiam bandeiras negras com os braços.
a versão inglesa do diário kathimerini escreve que esta minoria – algumas dúzias -, começou a lançar pedras, garrafas e cocktails-molotov às autoridades em atenas, que serão cerca de 3 mil, o dobro do número utilizado nas anteriores greves gerais. até helicópteros patrulham as áreas que circundam a praça syntagma.
o protesto foi convocado pelas duas maiores centrais sindicais do país e agendado para o mesmo dia em que o governo de coligação, eleito em junho e liderado pelo conservador antonis samaras.
no parlamento, em atenas, o executivo negoceia medidas que lhe permitam poupar 11,5 mil milhões de euros nos próximos dois anos. nas ruas e na praça syntagma, diante do edifício, irrompem os primeiros rasgos de violência na terceira greve geral grega em 2012 – a primeira em protesto contra o actual governo.
a quantia indicada integra uma das condições para que a grécia recebe a próxima tranche de ajuda externa por parte da ‘troika’ – bce, ue e fmi. a iminência de nova austeridade fez sair à rua milhares de pessoas, entre os quais médicos, professores e controladores aéreos, segundo avançou a bbc.
a ser aprovada, a nova ronda de austeridade deverá colocar ainda mais peso do lado da balança dos cortes nos salários, pensões e nos apoios sociais. o consumo tem encolhido e o desemprego tem escalado.
em maio, a cnn lembrou que os dados estatísticos mostravam que 53,8% dos jovens gregos com menos de 25 anos estavam desempregados. no geral, a taxa ronda os 25%.
‘estamos a sangrar’
nas ruas, os cânticos que ouvem gritam mensagens de protesto para «os maiores traidores da história grega». o alvo: a coligação liderada por samaras, cara da nova democracia, partido mais votado nas legislativas de junho.
no executivo constam igualmente os socialistas do pasok, chefiados por evangelos venizelos e a esquerda democrática, de fotis kouvelis.
os números de adesão à greve geral que têm sido avançados são, contudo, incertos: as autoridades dão conta de 25 mil pessoas nas ruas de atenas, a agência reuters fala no dobro, mas a adedy, a união sindical, citada pelo the guardian, atira com 200 mil no protesto da capital e mais de 350 mil espalhados por todo o país.
porém, uma das manifestantes, falando à correspondente do diário britânico em atenas, atirou que a adedy estava a «exagerar nos números», já que «do mais de um milhão de desempregados que existem no país, cerca de 300 mil viverão na cidade», antes de defender que «a adesão nem sequer se aproximou desse número».
yiorgos harisis, um dos membros da união sindical, exaltou: «ontem foram os espanhóis a tomar as ruas, hoje somos nós, amanhã são os italianos e depois serão todas as pessoas da europa».
«não aguentamos mais, estamos a sangrar. não conseguimos criar os nossos filhos assim», queixava-se dina kokou, uma professora de 54 anos, a quem se juntou dimitra kontouli, uma funcionária pública, de 49, ao sublinhar que os gregos «não ficar sentados sem fazer nada enquanto a ‘troika’ e o governo destroem as suas vidas».
um recente inquérito mostrou que mais de 90% dos gregos considera injustas e demasiado pesadas para os pobres as novas medidas de austeridade que estão a ser negociadas pelo executivo, numa altura em que o país já vai no quinto ano consecutivo de recessão.
(artigo actualizado ás 15h.)