A ‘linha vermelha’ de Netanyahu para o Irão

Israel quer um ponto final no programa nuclear do Irão. A ideia não é nova, mas original foi a forma que ontem tomou o discurso de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita que discursou, em Nova Iorque, perante a assembleia das Nações Unidas. O líder levou consigo para o púlpito uma gravura, com a clássica imagem de…

o líder israelita, uma vez mais, apelou à comunidade
internacional que reforce as sanções contra o irão e o seu programa nuclear.
que se risque «uma clara linha vermelha» para algo que netanyahu teme que seja
um caminho rumo ao armamento e fabrico de uma bomba atómica. o que daria
capacidade à nação islâmica de eliminar israel do mapa.

«a cada dia que passa, esse ponto está-se a aproximar. é por
isso que vos falo aqui hoje com este sentido de urgência, é por isso que todos devíamos
ter este sentido de urgência», atirou, de início, antes de explicar, citado
pelo the guardian, que «com uma clara
linha vermelha, o irão vai recuar».

uma linha que netanyahu ilustrou com uma gravura que levou
consigo. nela via-se uma bomba, com o típico formato das que se viam nos
clássicos desenhos animados norte-americanos, no fundo, uma imagem que todos reconheceriam.

no seu interior, três espaços estavam divididos: a primeira
fase, correspondente a 70% do processo de construção de uma bomba nuclear, já
completados pelo irão, de acordo com netanyahu; depois, a segunda fase, os 90%,
na qual o israelita pintou, com um marcador, uma linha vermelha.

o patamar a partir do qual, defendeu, o irão «demoraria
poucos meses, possivelmente algumas semanas, a enriquecerem urânio suficiente
para fabricarem a primeira bomba». e o líder israelita acredita que, perante
uma linha vermelha, «o irão vai recuar».

o irão continua a desmentir que esteja a trabalhar rumo a
uma bomba nuclear e, até ao momento, os observadores da agência internacional
de energia atómica (iaea), presentes no território, não soltaram qualquer
alarme.

piscar o olho a obama
além de reforçar a sua luta contra o irão, o primeiro-ministro de israel
concedeu algumas palavras de aproximação aos eua e ao seu presidente, barack
obama.

os norte-americanos são velhos aliados dos israelitas e, sobretudo,
detêm a força militar e o pode de decisão que foge ao alcance de israel, na
comunidade internacional.

nas últimas semanas, e tal como o diário hareetz lembrou, netanyahu tinha-se
aproximado de mitt romney, candidato republicano que vai concorrer com obama,
democrata, à presidência dos eua. antes de discursar nas nações unidas, o líder
israelita chegou mesmo a receber um convite para se reunir com os deputados
republicanos – em maioria no congresso norte-americano -, após se saber que não
se iria reunir em privada com o presidente.

ontem, porém, netanyahu deu uma folga à corda puxar com
obama, ao  agradecer ao presidente e à
comunidade internacional a imposição, ao irão, de «algumas das mais fortes
sanções até à data».

o líder israelita ter-se-á lembrado que barack obama também
pode ser reeleito como presidente dos eua. e, aí, a sua coabitação na
diplomacia internacional prosseguirá.

diogo.pombo@sol.pt