O lugar justo de Angola

O novo Governo de Angola vai tomar posse e o país entra num novo ciclo. Mais importante do que a ‘dança de cadeiras’ – quem sai, quem entra, quem ‘sobe’ ou quem ‘desce’ – é o que está em causa para os próximos anos.

e não é pouco. os angolanos deram um resultado inequívoco ao mpla e ao seu líder, josé eduardo dos santos, e estarão atentos ao cumprimento das promessas feitas ao longo da campanha que culminou nas eleições de 31 de agosto. e isso é bom sinal: é sinal de maturidade democrática e cívica.

u ma das tónicas do discurso do mpla e de eduardo dos santos foi a necessidade de uma distribuição de riqueza mais equilibrada. no fundo, a mensagem que passou é a de que, daqui em diante, o governo não vai recuar na estratégia de reconstrução e desenvolvimento do país, mas estará mais atento às necessidade dos que menos podem.

os angolanos tomaram boa nota desta promessa e vão querer – merecem – que assim seja. angola, todos sabemos, é um país cheio de riquezas naturais. onde cada vez mais empresas estrangeiras – além das nacionais, obviamente – querem investir. os angolanos merecem que esta riqueza seja partilhada por todos. através da construção de melhores escolas, de um acesso ao ensino superior mais generalizado, de um melhor sistema de saúde e de um sistema de segurança eficaz. há muitas carências em angola, mas há todas as condições para as suprir.

é esta a responsabilidade de quem governa: pensar, antes de mais, no bem comum. e será este, certamente, o rumo a seguir nos próximos anos. mas também a oposição tem responsabilidades. tem o dever de fazer uma oposição responsável, construtiva e atenta, mas honesta. tem de fazer política séria e apresentar, igualmente, propostas a pensar no bem comum. a política do ‘bota abaixo’ não serve a ninguém e muito menos aos angolanos. se o governo apresenta uma proposta que serve a maioria dos angolanos, a oposição tem a obrigação de aprovar. deve procurar melhorar estas propostas, claro. e, neste caso, também o executivo deve ouvir os partidos da oposição, pois eles representam milhões de angolanos que fizeram uma escolha diferente da maioria, mas igualmente válida.

por fim, também a sociedade civil deve organizar-se. e os empresários devem olhar para o país como um todo, envolvendo-se no seu desenvolvimento de forma altruísta. com o contributo de todos, não há a menor razão para que angola não atinja o lugar que lhe pertence na cena africana e mundial.