a quinta dos roques, situada entre mangualde e nelas, mais precisamente em abrunhosa do mato, é uma das imagens do espírito com que está a ser ‘construído’ o novo dão. já lá vai mais de um século que a família dos roques trabalhava a vinha, mas a produção satisfazia pouco mais do que as necessidades da casa. até que na década de oitenta do século passado virava-se uma decisiva página na história da quinta. a agricultura tradicional de subsistência – onde as vinhas eram cultivadas à força de braço e as uvas entregues na cooperativa de mangualde – chegava ao fim.
o objectivo era só um: produção de vinho do dão de grande qualidade. para isso, escolheram-se os melhores terrenos, situados em encostas suaves viradas a sul, sendo uns de origem granítica e outros (poucos) com presença de xisto. depois, plantaram-se as melhores castas da região e quando a produção começou a ser consistente foi construída a nova adega.
o resultado está actualmente à vista e, claro, ao alcance do nosso palato. nos 40 ha de vinhas modernas, cerca de 75% são ocupados por castas tintas onde domina a touriga nacional, enquanto nas castas brancas prevalece o encruzado.
e nada melhor para comprovar este êxito da quinta dos roques do que provar o branco de 2011, cujo ano vitícola nos oferece brancos muito aromáticos e com bom equilíbrio entre álcool e acidez. este vinho encontra-se apto a um bom envelhecimento durante quatro a cinco anos.
se passarmos ao quinta dos roques branco 2011 encruzado podemos distinguir as notas de limão a que se junta o tostado das barricas. na boca reconhece-se, de imediato, a sua grande estrutura e o final é longo.
passemos, por último, ao quinta das maias branco 2011 malvasia fina. esta quinta, esclareça-se, começou recentemente a ser recuperada e, desde 1992, que as suas uvas são vinificadas na adega da quinta dos roques ao abrigo de um acordo de cooperação mútua. este vinho mostra o carácter da malvasia fina, exibindo um aroma muito delicado (a malvasia é a casta mais aromática do dão), mas o produtor não quis explorar tanto a vertente do aroma, apostando na estrutura do vinho. revela-se muito fresco na boca e tem um bom final de boca. está apto para uma guarda de quatro a cinco anos. l
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